ão basta humilhar; tem que achincalhar. O cotidiano de quem precisa dos serviços oferecidos no Centro de Referência em Assistência Social Maguari, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, dói tanto ou mais do que o que leva os pacientes a pedir socorro. Um atendimento absurdo foi flagrado na última terça-feira envolvendo um funcionário público e um paciente idoso. Além da falta de respeito ao idoso, trata-se de um desserviço que exige reparação pública.
Sem saber que estava sendo filmado, o
servidor ofende, humilha e “chama para a porrada”, fora do prédio, um idoso
que, de acordo com testemunhas, chegou ao local durante a madrugada, mas não
conseguiu atendimento até as 15 horas, quando, não suportando o mais descaso,
começou a reclamar.
“Se cale e aguarde”
Sem almoçar e portador de deficiência
em uma das pernas, o homem reclama dos direitos que lhe cabem, mas o servidor
apenas manda que ele “se cale” e que aguarde. Sem reclamar. A queixa do idoso é
endossada por outras pessoas. Uma delas, uma senhora, se levanta para pedir
respeito pelo idoso, mas também é maltratada pelo atendente apenas porque não
possui parentesco com ele.
As cenas
de desrespeito seguem e, no limite do absurdo, o homem se levanta e sai do
prédio chamando o idoso para a “porrada”, lá fora. Sem paciência e com a
dignidade jogada na lama, o idoso chega a sair do prédio, mas logo volta e
senta novamente em sua cadeira, momento em que o servidor também ao seu lugar,
passa pelo paciente e o adverte de que “não será atendido”.
Estressado e empoderado
O prédio do Cras Maguari fica na
avenida Cláudio Sanders, no bairro homônimo, e estava sem funcionar desde a
quarta-feira da semana passada. Ou seja, estresse e esquentado, o servidor não
deveria nem reclamar. Quem estava no local afirma que o idoso buscava auxílio e
documentação para tentar conseguir o Benefício de Prestação Continuada, BPC,
destinado a pessoas idosas, peregrinação que sempre acaba frustrada.
Não há
informações, no entanto, se o homem realmente não foi atendido. Além da demora,
quem estava no local afirma que ele estava “passando mal de fome”, o que sequer
sensibilizou o atendente brabo que humilhou o idoso. Até a publicação desta
matéria, o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, marcado em dezenas de
comentários nas redes sociais sobre o absurdo, não havia se manifestado sobre o
assunto.
Bastou um reclamar
Bastou que
o absurdo contra o idoso no Cras Maguari fosse postado para que uma chuva de
reclamações contra o atendimento no local viesse à tona. Em um dos comentários,
uma mulher contou que, há uma semana, chegou a este mesmo Cras às 22 horas e
recebeu, por volta das seis da manhã do dia seguinte, a senha de número 79.
“Quem chega depois das 3 horas da madruga na fila dificilmente consegue senha”,
revelou.
Em outro comentário, um segundo internauta afirma
que só quem é encaminhado por algum vereador ou deputado consegue atendimento
sem sofrimento no local. Sobre o servidor em questão, foram muitos os
comentários acerca da grosseria e arrogância com que trata todas as pessoas.
“Ninguém pode fazer uma pergunta que ele trata logo mal”, revelou uma
internauta.
Ainda nos
comentários, várias pessoas falam dos riscos que é chegar no local ainda de
noite e passar a madrugada ao relento, já que todos fazem fila do lado de fora
do Cras, onde ficam expostos ao sereno e à mercê dos bandidos e moradores de
rua. “Mas, o que esperar de uma prefeitura que não faz um concurso e só
põe os ‘peixes’ pra trabalhar? No final, quem sempre se dá mal 'é' os mais
necessitados”, conclui a denunciante.
Papo Reto
· Aos leitores: retiramos
o post “E se Helder não sair ao Senado, como fica a disputa
entre candidatos às vagas no Pará?”, publicado ontem em nossas plataformas.
· A informação está correta do
fim ao começo, mas, uma aleatória e inexplicável superposição de dados acabou
comprometendo o produto final do começo ao fim.
· O senador Beto Faro, por
exemplo, eleito há apenas dois anos, não é candidato em 2026, mas deve indicar
um dos possíveis candidatos do partido. Nossas desculpas.
· A articulação dos Ministérios
da Integração, da Pesca e do Desenvolvimento Social em ações de combate à seca
em mais de 30 cidades do Pará já totaliza investimentos de quase R$ 1 bilhão.
· As regiões mais afetadas do
Estado aparecem no sul, sudeste, nordeste, oeste e Marajó, com grande impacto
nas comunidades, em especial as situadas em áreas rurais e ribeirinhas.
· Ontem, o ministro das
Cidades, Jader Filho (foto), anunciou o pagamento de dois meses de
auxílio extraordinário, de R$ 2,8 mil por mês, para pescadores em Santarém e
toda a região do Baixo Amazonas.
· O pagamento do seguro-defeso
já está sendo antecipado para 115 mil pescadores do Estado, que também serão
beneficiados pelo auxílio extraordinário.
· Veja só: o tal mercado até
que simpatiza com o ministro Fernando Haddad, mas diz que ele “não manda nada”.
· Aliás, é a seguinte a
avaliação do mercado sobre o chefe da equipe econômica de Lula: 41% dos
entrevistados responderam vê-lo de forma positiva; 35%, regular; e 24%,
negativa.