Do inglês "shrinkflation", o fenômeno alastra-se pelos supermercados do País, corroendo diretamente o bolso do consumidor.
O neologismo reduflação resume a infame prática de reduzir a quantidade ou o tamanho de um produto mantendo ou até aumentando o seu preço. Com a regulação/fiscalização pouco rigosas, a malandragem meio que "dissolve" a percepção da verdadeira inflação.
O fato é que fabricantes ou distribuidores, ao invés de simplesmente aplicarem um preço mais alto na etiqueta, passaram optar por alterar a embalagem de forma a conter menos produto. O consumidor, nuitas vezes focado apenas no preço, não percebe de imediato que está pagando a mesma quantia (ou mais) por menos mercadoria.
Exemplifico a situação: chocolate, a barra que era 180g passou a ser 150g, mas o preço seguiu o mesmo; iogurte, o pote que era 200ml virou 180ml; sabão em pó, a caixa que tinha 1kg agora tem 800g; café, o pacote de 500g hoje foi substituído por um de 450g; refrigerante, a garrafa de 2L passou a vir com 1,75L ou 1,5L...
Vários fatores de ordem econômica se unem para explicar a proliferação da reduflação. Se não vejamos:
Os preços das matérias-primas (açúcar, trigo, café, leite e outros), da energia elétrica e dos combustíveis subiram acima da inflação e, para não repassar todo o aumento de uma vez no preço final, os fabricantes optam por reduzir a quantidade.
Por outro lado, com a inflação e a perda do poder de compra, os consumidores estão mais sensíveis a aumentos de preço. A reduflação é uma estratégia para "camuflar" os tais reajuste.
Mais: as empresas, especialmente as de capital aberto, estão sob constante pressão para manter ou aumentar sua margem de lucro. A reduflação acabou se transformando numa forma de proteger essas margens em tempos de custos altos.
O ambiente perfeito para difusão da reduflação veio do fato de a maioria das pessoas não prestarem atenção no preço por unidade de medida (ex: R$/kg ou R$/litro), focando apenas no preço total do produto.
Como então se proteger da estratégia que virou tendência? Considero que ficar atento é a principal arma do consumidor, mas deixo aqui algumas dicas:
a) O mais importante de tudo é aprender a calcular o preço por unidade de medida. Sempre olhe a etiqueta da prateleira que mostra o preço por quilo (kg), litro (L) ou grama
(g). Compare esse valor entre marcas e tamanhos diferentes. Muitas vezes, o pacote menor acaba saindo mais caro por quilo do que o maior.
b) Embalagens redesenhadas, mais chamativas, na maioria das vezes é sinal de que a quantidade pode ter sido reduzida.
c) Produtos de marca própria do supermercado (geralmente mais baratos) quase sempre não sofrem o mesmo nível de reduflação que as marcas líderes.
d) Produtos Coringa como pães, bolos, iogurtes, chocolates, biscoitos e produtos de limpeza são os campeões da reduflação. Então redobre a atenção com esses.
A reduflação, portanto, é uma resposta maliciosa das empresas a um cenário econômico complexo, mas que acaba penalizando o consumidor. Ficar vigilante e aprender a comparar o custo-benefício real dos itens é essencial para fazer compras mais inteligentes e não cair nessa armadilha silenciosa da inflação.
Foto: Agência Brasil
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Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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