Londres (ING) - A gravadora e empresa de gerenciamento musical BMG decidiu encerrar a parceria que mantinha, há quase uma década, com Roger Waters devido a comentários feitos recentemente pelo ex-Pink Floyd acerca das guerras da Ucrânia e dos conflitos entre Israel e palestina. A notícia foi revelada, no início desta semana, pela revista "Variety" e confirmada, na última terça-feira, 30, pelo jornal britânico "The Guardian".
Com isso, a abre mão de um dos mais lucrativos catálogos musicais - estipula-se que a obra do Pink Floyd é avaliada em torno de US$ 500 milhões (o equivalente a R$ 2,4 bilhões). A decisão acontece em reação a falas controversas de Roger Waters, apontado por propagar discursos de aversão preconceituosa e xenofóbica contra judeus. Nos últimos anos, ao defender a causa palestina e apoiar um boicote a Israel, Roger Waters passou a ser acusado por antissemitismo.
Devido ao fato, shows do artista na Alemanha acabaram cancelados. Ele se defendeu e negou todos os apontamentos, a despeito de ter retratado a Estrela de Davi, o símbolo mais famoso do judaísmo, como uma bomba sendo despejada por um avião, em cenário do show "The Wall Live", em 2010.
Em entrevista ao jornalista Glenn Greenwald, em novembro de 2023, Waters salientou que a decisão da empresa BMG aconteceu por causa de interesses pró-Israel da Bertelssman Music Group, proprietária da gigante fonográfica. Em entrevista ao Jornal O Globo, no Brasil. Waters comentou sobre os questionamentos que vem recebendo devido aos seus posicionamentos.
"Não tenho nada contra Israel, muito menos contra judeus ou o judaísmo. Mas sou fundamentalmente contra a ideia de pessoas serem subjugadas e privadas de seus direitos. Expressei esse meu posicionamento, e aí sugeriram que eu fosse antissemita, o que não é verdade. Irei para o meu túmulo defendendo os direitos das pessoas comuns”, afirmou o cantor, em entrevista publicada em 2017.
Em abril do ano passado, o roqueiro foi alvo de uma investigação da polícia alemã, ao utilizar um traje de estilo nazista, numa apresentação em Berlim. Naquele mesmo mês, ele venceu uma batalha na Justiça que lhe permitiu tocar em Frankfurt, depois de magistrados da cidade alemã terem instruído autoridades a cancelarem o show, acusando Waters de ser "um dos antissemitas mais conhecidos do mundo".
Mais recentemente, Roger Waters denunciou a guerra na Ucrânia, mas falou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas - a convite da Rússia -, alegando que a invasão do país, em 2022, "não foi provocada" e sugerindo que Ucrânia havia "dado motivos" para que fosse invadida.
(Foto: Divulgação)
(Com O Globo e agências internacionais)