Pró-Reitoria de Ensino da UFPA dá” pedalada” na distribuição de bolsas e gera protestos

Programa de iniciação à docência propõe a professores que trabalhem “de graça” e escolhe a dedo projetos beneficiados.

24/10/2024 10:15
Pró-Reitoria de Ensino da UFPA dá” pedalada”  na distribuição de bolsas e gera protestos
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rofessores envolvidos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência da UFPA denunciam o descumprimento de normas, prática de assédio moral e irregularidades na gestão do programa. A coordenação do programa está sob responsabilidade da professora Joelma Morbach, da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação.


Em Belém, professores se revoltam contra informações contraditórias e denunciam irregularidades na gestão do programa/Fotos: Divulgação-Arquivo.

No último dia 8, os professores participaram de reunião convocada pela coordenadora para discutir a suposta necessidade de redistribuição de bolsas, fato que levou os professores a apontar ‘irregularidades’ no programa. A Capes teria suprimido o número de bolsas, limitando a execução de todos os subprojetos. Ante as reações, Morbach argumentou que os professores “não têm que pensar na instituição, mesmo que isso exija o sacrifício de trabalhar sem bolsas”. 

 

Assédio moral

 

Os professores denunciam também que houve assédio moral contra os que se manifestaram contrários à redistribuição das bolsas, ouvindo de Morbach que os insatisfeitos poderiam pedir para sair. “Nenhum professor está obrigado a continuar atuando no programa”, disse Joelma.  Apenas no final da reunião, Joelma repassou a informação de que a UFPA saiu de 288 bolsas na edição passada para 816 bolsas na edição atual do programa. A informação, um tanto tardia, evitou os questionamentos sobre o suposto corte que obrigaria os professores a trabalhar “de graça”, uma vez que a quantidade de bolsas praticamente triplicou no período.

 

Mais irregularidades  

 

Outra denúncia mostra que projetos reprovados na seleção interna apareceram novamente na lista de selecionados. Em um dos casos, sem nenhuma explicação plausível, dois projetos reprovados na seleção interna apareceram entre os selecionados, e sem retificação do resultado.  Esses projetos também estão na proposta da coordenação institucional como “contemplados” com a quantidade total de bolsas - e não entrarão na redistribuição dos demais. Até agora, nada foi explicado a esse respeito. 

 

Projetos alinhados  

 

Existe uma articulação em particular com coordenadores de projetos alinhados. “A coordenação institucional do programa se mostra preocupada apenas com o número de subprojetos da UFPA, ou seja, com a quantidade em detrimento da qualidade”, diz a denúncia. 

 

Os professores dizem que não existem critérios objetivos e transparentes que expliquem a proposta de distribuição de bolsas feita pela coordenação. “São beneficiados projetos com pontuação baixa, atribuindo-lhes mais bolsas, que para projetos que tiveram pontuação máxima”, analisa um professor. 

 

Para assegurar que essa distribuição arbitrária e irregular se efetive, a coordenação vem realizando reuniões privadas com coordenadores de projetos mal avaliados - baixa pontuação - para garantir apoio à empreitada. “É uma prática recorrente dessa gestão que se pauta em acordos privados com prejuízo dos que se esforçaram por uma boa pontuação”, acusam. 

 

Lei da impunidade

 

Os denunciantes dizem que a professora Morbach conta com a impunidade em relação a essas irregularidades. Ela anunciou que está compondo um edital para efetivar a distribuição das bolsas, informando, via e-mail, que não é possível se pautar na nota e na interdisciplinaridade como critério de desempate, “porque um subprojeto nota 100 é igualmente excelente a uma nota 90”, segundo a concepção dela. 

 

Justo e certo

 

Os denunciantes consideram que as 816 bolsas devem ser distribuídas entre projetos com maior pontuação, com critérios justos e transparentes, para que todos recebam suas bolsas durante o tempo de execução do projeto garantindo a valorização e o trabalho digno de condução desses projetos. 

 

Nota do redator: A redação da Coluna Olavo Dutra solicitou esclarecimentos à Assessoria de Comunicação da UFPA e aguarda resposta.

 

Papo Reto

 

· No último final de semana, o cônsul da França em Belém, advogado Sérgio Galvão (foto), a presidente da Alliance Française, Sabine Giraud-Galvão, e o titular do escritório da representação da região da Guiana Francesa, Christian Haridas, receberam Mme. Christiane Marie Taubira, jurista, escritora e ex-ministra da Justiça da França.

 

· Mme. Taubira veio de São Paulo, onde assumiu a Cátedra José Bonifácio, da USP, e participou de eventos acadêmicos de Relações Internacionais à convite da Universidade e do Consulado Geral da França em São Paulo.

 

·Em março de 2025, Mme. Taubira retornará à Belém para uma temporada em que desenvolverá pesquisa sobre os aspectos sociais relacionados com proteção ambiental, desenvolvimento sustentável e realidade climática. 

 

· A Assembleia Legislativa aprovou, conforme a coluna antecipou, mais um empréstimo do governo do Pará, desta vez no valor de R$ 483 milhões.

 

· A dinheirama toda será usada para a conclusão da avenida Liberdade, que sai da avenida Perimetral, em Belém, à Alça Viária, em Marituba. Com mais esse empréstimo, já são R$ 15 bilhões em dívidas contraídas pelo governo do Estado.

 

· O fotógrafo João Paulo Guimarães denunciou no perfil dele no Instagram a atitude abusiva de uma funcionária pública do governo do Pará.

 

· Segundo ele, a servidora fez insistentes ligações o assediando e ameaçando para liberar imagens feitas e pagas com dinheiro tirado do próprio bolso dele.

 

·  As imagens seriam usadas em um livro sobre primatas que está sendo produzido pelo Ideflor-Bio.

 

· Diante da negativa do fotógrafo, a servidora passou a ameaçá-lo, dizendo que iria impedir a entrada dele em aldeias indígenas do Pará.

 

·A servidora disse também que está há 40 anos do governo do Pará e que ama os “índios”, ao que ele retrucou, ensinando que não se cita “índios”, mas “indígenas”.


·Irritada, a mulher bloqueou João Paulo no WhatsApp. O fotógrafo reforçou que não autoriza o Ideflor-Bio a utilizar as fotos dele em qualquer publicação. 

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