a festa em que Belém, representada por cantores e estrelas da música, recebeu o título de “Capital Mundial do Brega”, o prefeito Igor Normando, do MDB, bastante empolgado, prometeu que a cidade vai ganhar o Museu Mundial do Brega.
Em vídeo, na sexta-feira 6, Igor Normando disse que o espaço contará a história do brega, vai homenagear seus protagonistas e valorizar esse gênero musical tão marcante para a cidade. “O museu será uma forma de enaltecer a cultura local, permitindo que moradores e visitantes conheçam e revisim essa trajetória que embalou gerações”.
Na mesma postagem, um comentário questiona Igor Normando: “Se é momento de enaltecer a cultura paraense, por que tu queres acabar com o Museu de Arte de Belém - Mabe, hein, Igor Normando?”
Museu pode desaparecer
No final da semana passada, uma notícia chegou às redes sociais apontando que a atual administração da Prefeitura de Belém está se planejando para mais um ataque à cultura da cidade: um dos espaços do Mabe, o Palácio Antônio Lemos, que também abriga o gabinete do prefeito, pode virar área administrativa.
A sala em questão fica no segundo andar do Palácio Antônio Lemos e é, na verdade, uma das galerias de exposições permanentes do museu, a Sala Armando Balloni, que abriga obras de alta relevância histórica e artística, como “A Tragédia do Brigue Palhaço”, “Cabano Paraense” e “Mendiga”, entre outras pinturas, além de fotografias. O espaço faz parte do circuito expositivo histórico do museu, que recebia visitas guiadas de estudantes de escolas e faculdades, além de turistas e moradores de Belém.
“O espaço vai virar área administrativa e a decisão é obra da Prefeitura de Belém, que não deu explicações”, diz mais um comentário.
Recado via coletivo
O poeta João de Jesus Paes Loureiro, que já havia se manifestado anteriormente falando dos ataques da administração Igor à cultura do município de Belém, fez mais um vídeo, chamado de “Novo Bilhete ao Prefeito”.
Loureiro aponta que soube que os espaços do gabinete do prefeito estão avançando sobre as salas do museu, “bancas de administração no lugar de pinturas e esculturas, inclusive a da Cabanagem, uma obra sagrada em nosso Estado. Uma ação que, embora em início de gestão, marcará negativamente sua história política”, diz.
“Venho fazer-lhe uma sugestão: inverta esse projeto e transfira a parte administrativa da prefeitura para outros prédios mais apropriados e funcionais. Ao mesmo tempo, transforme todo o prédio do Mabe em um imponente museu e seu acervo. Veja que, dessa maneira, que o Mabe passe a ser espaço de seminários, encontros e visitas guiadas a estudantes nesta nossa cidade tão bem nutrida de manifestações artísticas”.
“Pense bem: é melhor ser respeitado no presente e lembrado no futuro por ter tornado o Mabe um dos museus mais importantes do País, ou aquele prefeito que substituiu o mais importante museu da cidade pela rotina administrativa, que ficará bem mais à vontade em um lugar apropriado?”, questiona o poeta.
Espaço fechado
No domingo passado, 1, apesar de ter sido anunciado como uma das atrações gratuitas, o Mabe não esteve presente na 56ª edição do projeto Circular Campina Cidade Velha. O anúncio dizia: “Venha circular com o Mabe nas mostras de Longa Duração do Acervo nas Salas, do piso superior, e nas exposições "Existirmos", na sala Theodoro Braga.
Os comentários a essa postagem, todos, disseram que o museu estava fechado e ninguém pode visitá-lo, muito menos a outra exposição, "Novos Olhares sobre o MABE - Museu Comunidade -Ver-O-Peso", na sala Antonieta Santos Feio, que fica no térreo do prédio.
Como era antes
Antes da gestão de Igor Normando, o Mabe sempre funcionou da forma como Paes Loureiro fala em vídeo: um espaço que recebia, principalmente, alunos das escolas públicas municipais para visitas guiadas e participação de oficinas e cursos.
Na gestão de Zenaldo Coutinho, a última que utilizou o Mabe como área administrativa, o Palácio Antônio Lemos era usado basicamente para eventos oficiais, deixando a parte do gabinete e reuniões para uma das áreas do Codem, na avenida Nazaré. Em uma parte pequena do térreo do Palácio Antônio Lemos ficavam as salas da área da comunicação da Prefeitura de Belém.
Na gestão de Edmilson Rodrigues, o Mabe estava em obras e a administração foi para a avenida Nazaré, onde funcionou também no final da gestão de Coutinho.
Gestão sob ataque
Com esse avanço sobre a área do museu do Palácio Antônio Lemos, a gestão de Igor Normando está se mostrando uma inimiga da cultura paraense. Em seis meses, Normando dizimou a Fundação Cultura do Município de Belém - Fumbel, e a juntou com a Secretaria de Turismo; fechou o Palacete Pinho e suas atividades de escola de música e fala-se que o prédio pode ir para a iniciativa privada.
Uma internauta disse: “Sem contar que o Museu Casa Francisco Bolonha, que após anos de abandono teve uma reviravolta incontestável em suas ações nos últimos quatro anos e agora só segue em funcionamento pela garra dos estagiários da equipe da gestão passada. Eles estão carregando nas costas o museu para não acontecer o mesmo que virou o Mabe. Uma tristeza ver trabalhos tão indispensáveis para nossa cultura desaparecerem por má gestão”.
“Essa administração ‘maristinha’, que não entende nada de Belém, sabe nada de cultura, muito menos de administração, já está conseguindo ser a mais perdida que já houve”.
“Uma sucessão de absurdos e ataques diretos à nossa cultura. Parece até que tem vergonha de ser belenense”.
Quadrilhas em fuga
E outro problema na área cultural de Belém já se mostrou. Após a divulgação do edital do Concurso Municipal de Quadrilhas Juninas 2025, ao menos 40 quadrilhas anunciaram que não vão participar do evento municipal, em sinal de protesto contra as novas diretrizes impostas pela Secretaria de Cultura a antiga Fumbel.
O motivo principal da ‘revolta’ seria o baixo valor da premiação e a decisão de premiar apenas cinco grupos campeões. “As quadrilhas estão sendo boicotadas com uma premiação desrespeitosa, que ignora todo o investimento e dedicação dos grupos. E por isso, vão boicotar o concurso, se recusando a participar. É uma forma legítima de protesto para exigir valorização da cultura junina”, diz a postagem no Instagram.
Veja a relação completa das quadrilhas em debandada: Encanto da Juventude; Roceiros da Barão; Tradição Junina; Império Junino; Paraíso Junino; Estrela Junina; Roceiros da Amizade; Fuzuê Junino; Xodó de um Caipira; Roceira Arrasta-pé; Cristal Junino; Atração Junina; Sabor Açaí; Amor é Nosso; Os Travessos; Balão de Ouro; Sedução Ranchista; Pipocando Junino; Amor de um Mensageiro; Romance Junino; Reino de São João; Renascer Junino; Rosa Vermelha; Brasileirinha; Furacão Junino; Roceira Pé de Moleque; Renovação de São João; Revelação do Marco; Rainha da Juventude; Explosão Junina; Arco-Íris Mosqueirense; Fera Junina da Pedreira; Encanto Junino Mosqueirense; Reinado Junino; Sensação Caliente; Moreninha da Campina; Junina Majestosa; Santa Luzia; e Fúria Junina.
O Portal Olavo Dutra pediu informações sobre o Mabe à assessoria de comunicação da Prefeitura de Belém e aguarda retorno.
Papo Reto
•O prazo de conclusão da ponte sobre o Furo do rio Maguari, ligando Belém e Ananindeua a partir do Conjunto Maguari - ao custo de R$42 milhões -, tem prazo de conclusão vencendo em agosto.
•Deu no site “Política por inteiro”: o ano de 2025 parece que não trará uma das notícias que tanto a comunidade climática gostaria. A taxa de desmatamento no atual “ano Prodes” - 2024-25 - deverá ser maior do que o período anterior - 2023-24, o que levaria o Brasil a sediar uma COP estando oficialmente sob alta de desmatamento.
•No anúncio dos números de perda de vegetação nativa no País em maio, o Ministério do Meio Ambiente e o Inpe trouxeram, entre vários dados, um aumento acentuado do desmatamento na Amazônia: maio/2025 esteve 92% acima de maio/2024, a maior taxa para esse mês desde 2021.
•Meses como maio e junho são historicamente tidos como decisivos para a conta final do Ano Prodes - que vai sempre de 1º de agosto de um ano até 31 de julho do ano seguinte -, dando a “taxa oficial” de desmatamento da Amazônia Legal.
•A explosão das bets levou órgãos de defesa do consumidor a criarem regras para as apostas e fortalecer a fiscalização para proteger apostadores, mas nada abala o setor que mais cresce em receitas no País.
•Transformar shopping-centers em projetos habitacionais virou tendência nos Estados Unidos, frente ao tsunami que nos últimos anos vem cerrando as portas de milhares de lojas.
•Com as mudanças nos hábitos de consumo estimuladas pela ascensão do e-commerce, cerca de 3 milhões de metros quadrados ficaram ociosos nos shoppings, motivando a corrida desenfreada em favor da reinvenção dos antigos santuários de compras.
•A ideia de se trocar vitrines por vizinhos já chegou em mais de 200 shoppings e começa a ser discutida seriamente no Brasil.
•Por aqui, os centros de compra vivem mergulhados no mesmo dilema - diz um especialista ouvido pela Coluna -, com esvaziamento de corredores fora das datas comemorativas com forte apelo de vendas.