São Paulo, 31 - Preso na quinta-feira, 29,
no Rio de Janeiro, sob acusação de envolvimento com a facção criminosa Comando
Vermelho, o cantor de funk Marlon Brandon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo,
declarou em uma triagem ao ingressar no sistema penitenciário ter tido ligação
com o grupo criminoso. Ele já relatou várias vezes em público seu envolvimento
com o crime no passado, mas nega ter qualquer vínculo atual com bandidos.
Como as quadrilhas são rivais entre si, para evitar confrontos dentro das
cadeias, a Secretaria de Administração Penitenciária divide os presídios ou áreas
dentro deles entre os diversos grupos, impedindo o convívio e as potenciais
brigas.
Para saber para qual penitenciária encaminhar cada preso, a pasta solicita que,
ao ingressar no sistema prisional, a pessoa preencha uma ficha indicando seu
perfil. Além dos itens óbvios, como nome, vulgo (apelido), dia e hora de
ingresso e preso na área de qual delegacia, a pessoa indica o que o formulário
classifica como "ideologia declarada": se é integrante de uma das
três facções criminosas que dominam os territórios do Rio.
- Comando Vermelho (CV)
- Terceiro Comando Puro (T.C.P)
- Amigo dos Amigos (A.D.A)
Também é possível escolher as opções:
- "milícia"
- "neutro"
- "servidor ativo"
- "ex-servidor"
- "federal/estrangeiro"
- "LGBTQIA+"
Em outro trecho do formulário, fora do grupo classificado como
"ideologia", fica registrado se o detento é idoso, se tem nível
superior ou necessidades especiais, se é de alta periculosidade e se está
hospitalizado.
Segundo foto que viralizou nas redes sociais e cuja veracidade foi confirmada
pela Secretaria de Administração Penitenciária, Poze do Rodo registrou sua
ligação com o Comando Vermelho. Assim, foi encaminhado para a penitenciária
Serrano Neves, conhecida como Bangu 3, uma das unidades que concentram detentos
ligados a essa facção.
Em nota, a defesa do cantor afirmou que "alguém que teme ser confundido
com ou tido como participante de determinada denominação via de regra é
orientado a dirigir-se à mesma, para evitar tumulto, sendo medida de segurança
para si e para outros. Esta prática em nenhuma hipótese traz qualquer grau de
certeza sobre afiliações, associações ou qualquer vínculo do gênero".
Poze do Rodo nunca escondeu ter tido vínculo com o CV. "Já troquei tiro,
fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou
viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila,
batalhei e hoje em dia eu passo isso para a molecada: o crime não leva a lugar
nenhum", disse certa vez ao programa Profissão Repórter, da TV Globo.
O cantor nega ter ligação atual com a facção. Sua defesa fez críticas à prisão,
classificada como espetacularizada e abusiva
Questionada sobre o método de cadastro dos detentos, a Secretaria de
Administração Penitenciária afirmou em nota que "o documento segue
procedimentos estratégicos internos utilizados durante o ingresso e
classificação de presos no sistema penitenciário do Estado do Rio de
Janeiro". "Essa prática visa garantir a segurança e a integridade
física dos custodiados, bem como a organização e controle dentro das unidades
prisionais. Trata-se de um protocolo padrão no sistema penitenciário
fluminense, com base em diretrizes técnicas da administração", segue a
nota. "As classificações não possuem caráter discriminatório, sendo parte
dos esforços para a manutenção da ordem e da segurança no ambiente
prisional", conclui a pasta.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução/ Instagram