ma busca aleatória da Coluna Olavo Dutra sobre Belém às portas da COP30 e de uma nova administração, que começa em janeiro com o prefeito Igor Normando, do MDB, encontrou a Pesquisa de Qualidade do Serviço Públicos nas Capitais Brasileiras, divulgada recentemente pela Agência Pública.
O
estudo é inédito e foi feito para auxiliar nos preparativos para as
últimas eleições, servindo principalmente como fonte de informações para que os
cidadãos avaliem o desempenho das gestões municipais em sintonia com o
Código de Defesa dos Usuários dos Serviços Públicos (Lei
13.460/ 2017).
Trata-se
de um cruzamento dos dados sobre as 26 capitais em que foram ouvidas mais de 3
mil pessoas que responderam a mais de 40 perguntas em São Paulo, Rio de
Janeiro, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Recife,
Goiânia e Belém. A pesquisa mostra que os moradores de Belém estão
insatisfeitos com os serviços de educação. Veja o resultado.
Pior dos piores
No
segmento Educação, Belém apresenta o maior nível de insatisfação - soma
das respostas ‘muito insatisfeito’ e ‘insatisfeito’ - entre as capitais
analisadas quanto a: quantidade de creches municipais: 70,6%; quantidade
de escolas municipais: 65%. Apesar do crescimento de 7,5% da taxa líquida
de matrículas em creches no município entre 2021 (8,4%) a 2023 (15,9%), a
capital paraense registra uma taxa inferior à do Pará desde
2017.
No
comparativo entre as capitais da Região Norte em 2023, o município possui a
quarta maior taxa, e ficou assim: 70,6% são insatisfeitos com a qualidade da
infraestrutura das escolas municipais; 65%, com a qualidade do ensino na rede
municipal; e 59,4%, com a qualidade do conteúdo aplicado na rede
municipal de educação.
Por
outro lado, o maior nível de satisfação - soma das respostas ‘muito satisfeito’
e ‘satisfeito’ - do município se refere ao desempenho dos professores e demais
profissionais do ensino, com 23,8%.
Em
2023, o município de Belém apresentou o menor gasto per capita em
educação entre as capitais da Região Norte, apesar de um acréscimo de R$
267,19 em comparação com 2020. Em Belém, o gasto per capita em
educação em 2023 foi de R$ 496,94, enquanto em Rio Branco foi de R$ 736,35. A
diferença para o segundo menor gasto per capita na região
é de R$ 239,41.
Na fila de espera
Os
moradores de Belém expressaram o maior nível de insatisfação, entre as capitais
analisadas em relação a: tempo de espera para a realização de consultas:
77,6%, tempo de espera para realização de exames: 79%.
A
insatisfação continua alta em outros critérios, como disponibilidade de
medicamentos (74,8%); qualidade da infraestrutura das unidades de saúde/
ambientes hospitalares (69,9%); quantidade de hospitais
municipais (67,8%); disponibilidade de médicos (67,1%); higiene das
unidades de saúde/ ambiente hospitalares (60,8%); e desempenho de
médicos e enfermeiros ou outros profissionais de saúde nas unidades de
saúde/ ambientes hospitalares (49,7%).
Entre
as capitais analisadas, Belém apresenta o segundo maior índice de satisfação em
relação à disponibilidade de médicos, com 14%, enquanto Curitiba, no Paraná,
ocupa o primeiro lugar, com 15,6%.
Onde mora o problema
Segundo
a análise feita pelos pesquisadores da Agência Pública: “Saúde é o terceiro
maior problema de Belém, segundo seus moradores. A principal prioridade é a
redução das filas nos hospitais e postos de saúde. Em segundo lugar está o
aumento do número de médicos e profissionais de saúde nos postos de
saúde. Esse panorama reflete uma insatisfação com os serviços de
saúde, destacando a urgência de intervenções para melhorar a eficiência e a
qualidade do acesso à saúde na capital paraense”.
Entre
2021 e 2023, Belém aumentou seu gasto per capita em saúde em R$ 360,98 e ocupa
a quarta posição entre as capitais da região Norte. Foi o maior aumento nominal
computado na análise regional das capitais.
Nu com a mão no bolso
Na área de economia, a pesquisa aponta que o maior grau de insatisfação em Belém é com o apoio aos empreendedores, no qual 67,8% dos entrevistados se consideram insatisfeitos com as ações da Prefeitura de Belém, nessa área. Outro ponto de insatisfação é com os impostos municipais para empreendedores e empresas: 65,7%.
Quanto
à satisfação com esses mesmos impostos municipais, Belém apresenta 9,1%, sendo
o quarto maior índice entre as dez capitais analisadas, atrás apenas de
Curitiba (14,3%), Goiânia (10,1%) e Belo Horizonte (9,9%).
A
análise da pesquisa informa que os moradores de Belém indicaram o desemprego
como o quarto maior problema do município e a geração de renda e empregos é a
principal prioridade.
Desigualdade aumenta
Sobre
a pergunta “A Prefeitura de Belém promove a igualdade de gênero e a inclusão
social?”, apenas 23,8% dos moradores concordam, enquanto 32,9% discordam e
35,7% se mantêm neutros. É o segundo maior índice de discordância entre as
capitais analisadas, ficando atrás apenas de Goiânia (33,1%).
No
entanto, Belém foi a única entre as capitais da região Norte que apresentou uma
redução na quantidade de famílias em situação de pobreza durante o período
analisado, mas o aumento expressivo de famílias em situação de extrema pobreza
e de famílias com renda per capita mensal de meio salário
mínimo sugere um agravamento das desigualdades e a necessidade urgente de
políticas públicas direcionadas.