pastor Lourival Matos Pereira, líder da Igreja do
Evangelho Quadrangular Catedral da Família, localizada à rua Barão de Igarapé
Miri, 973, no bairro do Guamá, em Belém, está no centro de uma polêmica após
declarações feitas durante a última convenção estadual da denominação, que reuniu
mais de 4 mil pessoas.
Enfrentando acusações de irregularidades financeiras, ele
afirmou publicamente estar sendo “perseguido e acusado gravemente” há três
meses. As acusações são de desvio de dinheiro do dízimo e das ofertas e
abertura de empresas de fachada para “lavagem de dinheiro” entre outras
acusações.
O religioso responde a mais de 20 processos na Justiça. Entre
os fatos contra o pastor, destaca-se o relato de apenas um culto aos domingos.
Lourival Matos foi acusado de desviar recursos ao relatar apenas um dos cultos
realizados no domingo. Ele se defendeu dizendo que seguiu orientação do
secretário da igreja e comparou sua prática à de outro pastor, que também
relataria apenas parte das celebrações realizadas.
O que pesa contra o
religioso: Contratos de imóveis em nome próprio - Lourival
foi questionado sobre 45 contratos de imóveis que estariam em seu nome. Ele
afirmou que já havia transferido esses contratos ao Conselho Estadual de
Diretores, mas que os documentos não foram encaminhados ao Conselho Nacional de
Diretores; e Falta de reconhecimento - Ele também se defendeu
de críticas relacionadas à sua atuação, afirmando que havia enviado relatórios
com fotos e vídeos ao Secretário Nacional para documentar o progresso das obras
na igreja, além de agradecer publicamente a ajuda recebida do pastor Josué
Bengtson.
Apesar de suas justificativas, as acusações contra o
pastor já são investigadas pelo Ministério Público do Pará, que apura possíveis
crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas e
enriquecimento ilícito.
Casos similares
As investigações envolvendo o pastor Lourival ocorrem
em meio a uma série de operações do Ministério Público em todo o Brasil focando
em irregularidades financeiras em instituições religiosas e empresas ligadas a
elas. Um exemplo é a “Operação Mamon”, deflagrada em maio de 2023, que
identificou a movimentação de mais de R$ 6 bilhões em lavagem de dinheiro,
supostamente envolvendo uma igreja e uma rádio em Vespasiano, na Grande Belo
Horizonte.
De acordo com as autoridades, os suspeitos criavam
empresas de fachada para ocultar recursos oriundos de crimes como estelionato e
tráfico de drogas. Entre os alvos da operação, destacam-se: empresas sem
empregados ou emissão de notas fiscais, mas que movimentaram milhões de reais;
e uma padaria em São Paulo, que registrou R$ 30 milhões em transações
financeiras, muito acima do esperado para o setor. Além disso, foram cumpridos
mandados em Minas Gerais, São Paulo, Alagoas, Tocantins e Amapá, resultando no
sequestro de veículos e bloqueio de valores bancários que somaram R$ 170
milhões.
A “Operação Mamon”, conduzida pelo Ministério Público de
Minas Gerais e pela Polícia Civil, ilustra como igrejas e empresas ligadas a
elas podem ser usadas para ocultar a origem de recursos ilícitos, levantando
questões sobre a transparência e governança de instituições religiosas no
Brasil.
Impactos e controvérsias
As declarações de Lourival acenderam debates sobre a
gestão financeira da igreja e levantaram questionamentos sobre a transparência
nas operações administrativas. Ao tornar públicas as acusações durante o
evento, ele acabou reforçando pontos que já estavam sendo tratados internamente
pela administração da igreja e investigados pelo Ministério Público.
A denúncia ao Ministério Público aponta que Lourival
e sua família teriam utilizado a imunidade tributária da igreja para beneficiar
empresas pessoais, além de transferir recursos da igreja para atividades no
exterior. Ele também é acusado de arrecadar grandes montantes em eventos
“bilhetados”, realizados no templo religioso sem a devida prestação de contas.
Questão de credibilidade
Especialistas apontam
que situações como essa podem prejudicar a confiança dos fiéis na liderança e
na administração da instituição religiosa. A falta de transparência e a
politização das acusações internas transformam questões administrativas em
problemas públicos, afetando a imagem da igreja perante a sociedade.
Enquanto o Ministério
Público avança nas investigações, membros e lideranças aguardam esclarecimentos
mais detalhados sobre as denúncias. A posição da Igreja será fundamental para
restaurar a credibilidade e garantir a transparência exigida pelos fiéis e pela
sociedade.
Essa abordagem reforça
como casos similares em diferentes Estados estão sendo investigados,
contextualizando as ações do MP e destacando a seriedade das acusações contra o
pastor. A investigação sobre as atividades do religioso no MP está protocolada
sob o número 241014150428C343A95294 e os dados dos mais de 20 processos na
Justiça constam de informações no Jusbrasil.
Posição da igreja
Questionada sobre as denúncias - e sobre as informações
levadas à direção nacional dando conta de que o pastor estaria sendo
investigado pelo MP e pelo Coaf por crimes contra a ordem financeira,
tributária, desvio e lavagem de dinheiro e outros, a assessora de imprensa da
Igreja do Evangelho Quadrangular, Juliana Santos, encaminhou a seguinte
resposta:
“Informamos que todas as denúncias referentes aos membros
do ministério da Igreja do Evangelho Quadrangular que são encaminhadas ao
Conselho Nacional de Diretores de nossa instituição são mantidas em sigilo até
que sejam analisadas e julgadas pelos órgãos do poder judiciário e do governo.
Algumas denúncias contra o pastor Lourival Matos Pereira
foram encaminhadas à nossa direção e estão sendo analisadas em sigilo”.
Segundo a assessoria
jurídica nacional da Igreja do Evangelho Quadrangular, “a direção nacional
tomou conhecimento de uma série de atitudes efetivadas pelo Pr. Lourival que
poderiam prejudicar a instituição e, alertada para essa possibilidade, realizou
reuniões locais e passou a solicitar prestações de contas e auditar documentos”.
Papo Reto
· Parece que o céu começa a desabar sobre o presidente Lula.
Desde que a cúpula do PT começou a avaliar as chances de um novo mandato, o
futuro do presidente dá asas à imaginação.
· Dia desses, ninguém mais do que o filósofo e ex-ministro
Mangabeira Unger (foto) veio a público para avaliar o legado
presidencial de Lula.
· “É zero. Não é que seja pequeno, é nulo”, disse
Mangabeira a um grupo de empresários, em São Paulo.
· Para o filósofo, “dar dinheiro aqui ou ali, mudar para cá
ou para lá são castelos de areia; não tem significado institucional”.
· E mais: “Lula e o ex-presidente Bolsonaro promoveram o
pobrismo” e só são diferentes na pauta de costumes.
· CPFs de beneficiários do Bolsa Família apostaram, só em
agosto, R$ 3 bi nas jogatinas das bets esportivas, segundo
informações do Banco Central.
· Mas, curiosamente, o banco informa que não tem ideia de
quanto, dos R$ 23 bilhões arrecadados pela Caixa com loterias, saíram das
contas de beneficiários do programa social.
· Para quem não sabe, a arrecadação da Caixa com loterias,
só este ano, cresceu incríveis 19% em relação ao ano passado, ou R$ 12,3 bi só
no primeiro semestre.
· Uma grande obra social não sai do papel, mas da cabeça,
calcada em muito espírito de luta, solidariedade e boa vontade, não
necessariamente com dinheiro em caixa. É dirigida pelo amor ao próximo sem
enxergar rostos, mas pessoas. Parabéns, Pai Elivaldo de Oxalá.