Pastor da Quadrangular enfrenta denúncias de irregularidades e se declara "perseguido"

Ministério Público do Estado e o próprio Conselho Nacional da denominação religiosa apuram supostos crimes contra a ordem financeira, tributária, desvio e lavagem de dinheiro.

15/11/2024 08:00

Religioso se manifesta publicamente justificando que tentou “proteger a igreja” da qual é líder, mas entrou na mira da Justiça/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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pastor Lourival Matos Pereira, líder da Igreja do Evangelho Quadrangular Catedral da Família, localizada à rua Barão de Igarapé Miri, 973, no bairro do Guamá, em Belém, está no centro de uma polêmica após declarações feitas durante a última convenção estadual da denominação, que reuniu mais de 4 mil pessoas.

 

Enfrentando acusações de irregularidades financeiras, ele afirmou publicamente estar sendo “perseguido e acusado gravemente” há três meses. As acusações são de desvio de dinheiro do dízimo e das ofertas e abertura de empresas de fachada para “lavagem de dinheiro” entre outras acusações.

 

O religioso responde a mais de 20 processos na Justiça. Entre os fatos contra o pastor, destaca-se o relato de apenas um culto aos domingos. Lourival Matos foi acusado de desviar recursos ao relatar apenas um dos cultos realizados no domingo. Ele se defendeu dizendo que seguiu orientação do secretário da igreja e comparou sua prática à de outro pastor, que também relataria apenas parte das celebrações realizadas.


O que pesa contra o religioso: Contratos de imóveis em nome próprio - Lourival foi questionado sobre 45 contratos de imóveis que estariam em seu nome. Ele afirmou que já havia transferido esses contratos ao Conselho Estadual de Diretores, mas que os documentos não foram encaminhados ao Conselho Nacional de Diretores; e Falta de reconhecimento - Ele também se defendeu de críticas relacionadas à sua atuação, afirmando que havia enviado relatórios com fotos e vídeos ao Secretário Nacional para documentar o progresso das obras na igreja, além de agradecer publicamente a ajuda recebida do pastor Josué Bengtson.

 

Apesar de suas justificativas, as acusações contra o pastor já são investigadas pelo Ministério Público do Pará, que apura possíveis crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas e enriquecimento ilícito.


Casos similares

As investigações envolvendo o pastor Lourival ocorrem em meio a uma série de operações do Ministério Público em todo o Brasil focando em irregularidades financeiras em instituições religiosas e empresas ligadas a elas. Um exemplo é a “Operação Mamon”, deflagrada em maio de 2023, que identificou a movimentação de mais de R$ 6 bilhões em lavagem de dinheiro, supostamente envolvendo uma igreja e uma rádio em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte.

 

De acordo com as autoridades, os suspeitos criavam empresas de fachada para ocultar recursos oriundos de crimes como estelionato e tráfico de drogas. Entre os alvos da operação, destacam-se: empresas sem empregados ou emissão de notas fiscais, mas que movimentaram milhões de reais; e uma padaria em São Paulo, que registrou R$ 30 milhões em transações financeiras, muito acima do esperado para o setor. Além disso, foram cumpridos mandados em Minas Gerais, São Paulo, Alagoas, Tocantins e Amapá, resultando no sequestro de veículos e bloqueio de valores bancários que somaram R$ 170 milhões.


A “Operação Mamon”, conduzida pelo Ministério Público de Minas Gerais e pela Polícia Civil, ilustra como igrejas e empresas ligadas a elas podem ser usadas para ocultar a origem de recursos ilícitos, levantando questões sobre a transparência e governança de instituições religiosas no Brasil.


Impactos e controvérsias

As declarações de Lourival acenderam debates sobre a gestão financeira da igreja e levantaram questionamentos sobre a transparência nas operações administrativas. Ao tornar públicas as acusações durante o evento, ele acabou reforçando pontos que já estavam sendo tratados internamente pela administração da igreja e investigados pelo Ministério Público.


A denúncia ao Ministério Público aponta que Lourival e sua família teriam utilizado a imunidade tributária da igreja para beneficiar empresas pessoais, além de transferir recursos da igreja para atividades no exterior. Ele também é acusado de arrecadar grandes montantes em eventos “bilhetados”, realizados no templo religioso sem a devida prestação de contas.


Questão de credibilidade

Especialistas apontam que situações como essa podem prejudicar a confiança dos fiéis na liderança e na administração da instituição religiosa. A falta de transparência e a politização das acusações internas transformam questões administrativas em problemas públicos, afetando a imagem da igreja perante a sociedade.


Enquanto o Ministério Público avança nas investigações, membros e lideranças aguardam esclarecimentos mais detalhados sobre as denúncias. A posição da Igreja será fundamental para restaurar a credibilidade e garantir a transparência exigida pelos fiéis e pela sociedade.


Essa abordagem reforça como casos similares em diferentes Estados estão sendo investigados, contextualizando as ações do MP e destacando a seriedade das acusações contra o pastor. A investigação sobre as atividades do religioso no MP está protocolada sob o número 241014150428C343A95294 e os dados dos mais de 20 processos na Justiça constam de informações no Jusbrasil.


Posição da igreja

Questionada sobre as denúncias - e sobre as informações levadas à direção nacional dando conta de que o pastor estaria sendo investigado pelo MP e pelo Coaf por crimes contra a ordem financeira, tributária, desvio e lavagem de dinheiro e outros, a assessora de imprensa da Igreja do Evangelho Quadrangular, Juliana Santos, encaminhou a seguinte resposta:

 

“Informamos que todas as denúncias referentes aos membros do ministério da Igreja do Evangelho Quadrangular que são encaminhadas ao Conselho Nacional de Diretores de nossa instituição são mantidas em sigilo até que sejam analisadas e julgadas pelos órgãos do poder judiciário e do governo.

Algumas denúncias contra o pastor Lourival Matos Pereira foram encaminhadas à nossa direção e estão sendo analisadas em sigilo”.


Segundo a assessoria jurídica nacional da Igreja do Evangelho Quadrangular, “a direção nacional tomou conhecimento de uma série de atitudes efetivadas pelo Pr. Lourival que poderiam prejudicar a instituição e, alertada para essa possibilidade, realizou reuniões locais e passou a solicitar prestações de contas e auditar documentos”.


Papo Reto

· Parece que o céu começa a desabar sobre o presidente Lula. Desde que a cúpula do PT começou a avaliar as chances de um novo mandato, o futuro do presidente dá asas à imaginação.

 

· Dia desses, ninguém mais do que o filósofo e ex-ministro Mangabeira Unger (foto) veio a público para avaliar o legado presidencial de Lula.  

 

·  “É zero. Não é que seja pequeno, é nulo”, disse Mangabeira a um grupo de empresários, em São Paulo.

 

· Para o filósofo, “dar dinheiro aqui ou ali, mudar para cá ou para lá são castelos de areia; não tem significado institucional”.

 

· E mais: “Lula e o ex-presidente Bolsonaro promoveram o pobrismo” e só são diferentes na pauta de costumes.

 

· CPFs de beneficiários do Bolsa Família apostaram, só em agosto, R$ 3 bi nas jogatinas das bets esportivas, segundo informações do Banco Central.

 

· Mas, curiosamente, o banco informa que não tem ideia de quanto, dos R$ 23 bilhões arrecadados pela Caixa com loterias, saíram das contas de beneficiários do programa social.

 

· Para quem não sabe, a arrecadação da Caixa com loterias, só este ano, cresceu incríveis 19% em relação ao ano passado, ou R$ 12,3 bi só no primeiro semestre.

 

· Uma grande obra social não sai do papel, mas da cabeça, calcada em muito espírito de luta, solidariedade e boa vontade, não necessariamente com dinheiro em caixa. É dirigida pelo amor ao próximo sem enxergar rostos, mas pessoas. Parabéns, Pai Elivaldo de Oxalá.

 

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