Pará tem três pontes sob risco de desabamento nas regiões do Marajó e do sudeste do Estado

MP e prefeituras de São Sebastião da Boa Vista, Parauapebas e Marabá adotam medidas de segurança para evitar tragédias como a que ocorreu na Ponte JK, sobre o rio Tocantins.

01/02/2025, 08:00
Pará tem três pontes sob risco de desabamento nas regiões do Marajó e do sudeste do Estado
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desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, em dezembro, com onze mortos e oito desaparecidos, ligou o sinal de alerta em outras regiões servidas por estruturas semelhantes que estão precisando de reparos urgentes. Três dessas pontes ficam no Pará. A Ponte JK, sobre o rio Tocantins, ligava Aguiarnópolis, Tocantins, e Estreito, Maranhão, mas o desabamento impacta o tráfego na divisa com o Pará. Depois da tragédia, o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou que o governo federal vai destinar mais de R$ 100 milhões para a reconstrução da ponte.

Recuperação da ponte sobre o rio Itacaiúnas é compartilhada entre Parauapebas e Marabá; no Marajó, interdição foi determinada pelo MP/Fotos: Divulgação.
No Pará, três pontes inspiram cuidados: uma no Arquipélago do Marajó e duas na região sudeste do Estado. Na primeira recomendação ministerial do ano, a de número 001/2025, o Ministério Público do Pará exigiu a interdição imediata da Ponte Romeu Monfredo, conhecida como “Ponte Grande”, em São Sebastião da Boa Vista, no Marajó. O documento, assinado pelo promotor de Justiça Thiago Marsicano da Nóbrega Araújo, aponta risco iminente de colapso da estrutura.

Intervenção do MP

A ponte liga a parte mais antiga da cidade à mais nova, onde ficam hospital, mercado, colégios, hotel e residências. Antigamente, era uma ponte de madeira, substituída por concreto nos anos 1990, mas está sem manutenção. A Prefeitura de São Sebastião da Boa Vista teve um prazo de 24 horas para informar se iria acatar a recomendação e comprovar, por meio de documentos, eventuais reparos realizados. Caso contrário, os gestores poderão ser responsabilizados civil, penal e administrativamente. 

Além da interdição imediata, o MP determinou que tenha sinalização adequada e proibição do tráfego de pedestres e veículos até a apresentação de um laudo técnico realizado por profissional habilitado; adoção de alternativas temporárias, com rotas alternativas; e um plano emergencial para reparação ou reconstrução da estrutura da ponte.  

A recomendação ministerial foi motivada por um motivo inusitado: ocorreu depois que a prefeitura afirmou ter feito a manutenção na ponte, reconhecendo publicamente, em seguida, o comprometimento estrutural da obra, tendo limitado o tráfego de veículos pesados. O MP reforça que a interdição é necessária para evitar uma tragédia e garantir a segurança da população local.   

Extensão dos riscos 

Na última quarta-feira, 29, o novo prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano, do Avante, por meio de decreto, determinou a interdição da ponte sobre o rio Itacaiúnas, na região do Contestado, em Marabá, e do rio Parauapebas, próximo ao balneário City Park, este, em área do município. 

“Neste trecho da ponte, no rio Parauapebas, será feita uma reforma, com a troca dos pranchões onde os carros trafegam, reforço em todo o guarda-corpo e no tabuleiro. O trecho do rio Itacaiúnas é uma ponte mista de concreto armado com aço”, explicou o engenheiro civil Manoel André Fulco. 

Por se tratar de uma ponte que atende aos dois municípios, a reparação da ponte sobre o rio Itacaiúnas é compartilhada. “É muito caminhão que passa com peso e sobrepeso. É um caso mais sério e a ponte do Itacaiúnas foi afetada, não só o tabuleiro, mas também seus pilares, ocorrendo nas cabeceiras a flambagem dos pilares. Então, a ponte está na iminência de cair”, informou o engenheiro. 

Após uma vistoria técnica da Secretaria de Obras, o tráfego na ponte sobre o rio Itacaiúnas foi proibido. Um laudo apresentado relata que a ponte está com a estrutura comprometida, "sob o risco de colapso estrutural devido à alta carga de caminhões que trafegam no local", disse em nota a Prefeitura de Parauapebas. 

"A interdição dessas pontes é necessária para preservar a integridade física dos cidadãos e garantir a segurança no tráfego de pessoas e veículos, sendo um dever do poder público adotar medidas preventivas para evitar acidentes e danos materiais, bem como proteger o interesse coletivo", prossegue a nota oficial, replicada por Aurélio Goiano nas redes sociais dele.  

"Com a interdição das pontes, os órgãos da administração pública foram autorizados a atuar na solução do problema, sendo adotadas providências quanto à sinalização, estudos técnicos e o fechamento imediato do local por meio de barreiras físicas, a fim de evitar a circulação de pessoas e veículos durante o período de interdição", diz ainda o comunicado.  A prefeitura não fixou qualquer prazo para a liberação das duas pontes.   

Providências em curso

O novo prefeito de Marabá, Toni Cunha, do PL, também determinou a interdição da ponte sobre o rio Itacaiúnas, na zona rural entre Marabá e Parauapebas, na região conhecida como Contestado, com decreto municipal publicado em 19 de janeiro.  Os dois municípios vão fazer, juntos, a reforma necessária que a ponte necessita.  

Segundo o Decreto 484/2025, a interdição se dá “em razão de risco iminente que ameaça à segurança de pessoas, a execução de obras e serviços, a manutenção incólume de equipamentos e outros bens, públicos ou particulares”.  

O decreto autoriza a mobilização de todos os órgãos e entidades da administração para atuarem nas ações de resposta e oferecimento de soluções ao cenário descrito no documento, como a devida sinalização em ambas as cabeceiras, através da imediata instalação de placas com informação de interdição da ponte.  

A equipe da Secretaria de Segurança Institucional informou que os moradores das localidades de Vila Nova e Cega Jegue, que utilizam a ponte para escoar produtos para Parauapebas, aceitaram bem a notícia da interdição, “desde que as obras comecem o quanto antes e que o poder público proíba o acesso dos caminhões com minério”.  Os moradores comentam que a ponte foi construída para suportar até 50 toneladas, porém, com a extração clandestina do minério os problemas começaram a surgir. 

Papo Reto

·Há um debate intrigante em Brasília: o que a Presidência da República esconde da primeira-dama Janja da Silva (foto) ?

·O projeto de lei que prevê alterar a Lei de Acesso à Informação e modificar a regra sobre sigilo de 100 anos, por exemplo, não fará concessões sobre informações referentes à primeira-dama.

·Janja, como se sabe, não tem representatividade na República, mas sala e mais de dez funcionários no Palácio do Governo, pertinho do gabinete do marido.

·Missão no mínimo inglória a que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, recebeu de Lula: discutir e encontrar soluções para reduzir o preço dos alimentos, como se o mercado - produtores e consumidores - e não a própria gastança do governo fossem os culpados pela disparada inflacionária.

·Fávaro, aliás, não está errado ao enfatizar a importância da estabilidade que poderá vir da supersafra e da desvalorização do dólar, deixando no ar que haverá redução temporária das alíquotas de importação e exportação.

·Especialistas frisam, no entanto, que, reduzir tarifas temporariamente e não atacar a raiz do problema "não fará nem cócegas" no dragão.

·A profissão de motorista de aplicativo está com os dias contados - dez anos no máximo -, já que a inteligência artificial e seus veículos autônomos vão tomar conta do cenário, diz Dara Khosrowshahi, CEO da Uber.


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