Relatores da
Organização das Nações Unidas (ONU) expressaram nesta quinta-feira (19)
indignação contra o ataque ao Hospital Al Ahli Arab, na cidade de Gaza, que
matou mais de 470 civis na última terça-feira (17). O grupo, composto por sete
especialistas, acusa Israel de cometer crimes contra a humanidade e alerta para
o risco de genocídio na região. “O ataque ao Hospital Al Ahli Arab é uma
atrocidade”. Israel nega ter alvejado a unidade de saúde.
“Estamos igualmente
indignados com o ataque mortal, no mesmo dia, a uma escola da UNRWA [Agência
das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo
Oriente] localizada no campo de refugiados de Al Maghazi, que abrigou cerca de
4 mil pessoas deslocadas, bem como a dois campos de refugiados densamente
povoados”, afirmaram os especialistas.
“O cerco total a Gaza, juntamente com ordens de evacuação inviáveis e transferências forçadas de população, é uma violação do direito humanitário e penal internacional. Também é indescritivelmente cruel”, disseram os especialistas.
O grupo da ONU diz que há uma campanha em curso por parte de Israel que resulta em crimes contra a humanidade em Gaza. "Considerando as declarações feitas por líderes políticos israelenses e seus aliados, acompanhadas pela ação militar em Gaza e pela escalada de prisões e assassinatos na Cisjordânia, existe também um risco de genocídio contra o povo palestino.”
“Não há justificativas ou exceções para tais crimes. Estamos consternados com a inação da comunidade internacional face à guerra beligerante”, afirmaram os especialistas.
O documento é assinado pelo relator sobre Direitos Humanos à Água Potável e ao Saneamento, Pedro Arrojo Agudo; pela relatora Especial sobre a Situação de Direitos Humanos no Território Palestino Ocupado, Francesca Albanese; pela relatora Especial sobre Violência contra Mulheres e Meninas, Reem Alsalem; pela relatora Especial sobre os Direitos Humanos de Pessoas Deslocadas Internamente, Paula Gaviria Betancur; pelo relator Especial sobre o Direito à Alimentação, Michael Fakhri; pela relatora Especial sobre o Direito de Todos ao Gozo do Mais Alto Padrão de Saúde Física e Mental, Tlaleng Mofokeng; e pelo relator Especial sobre o Direito à Moradia, Balakrishnan Rajagopal.
Em nota, a Embaixada de Israel no Brasil destacou que as acusações contra o país não partiram diretamente da ONU e que está seguindo o que diz o direito internacional. "Israel está agindo de acordo com o direito internacional e não foi acusado pela ONU de o violar".
Ataques
No dia 7 de outubro,
o grupo Hamas fez ataques aéreos e terrestres ao território israelense,
invadindo casas e levando reféns. Israel respondeu de imediato, com dezenas de
aviões de combate iniciando bombardeio a vários pontos da Faixa de Gaza. Com a
escalada da violência, áreas residenciais, escolas foram bombardeados.
No ataque ao Hospital Ahli Arab, estima-se que mais de 500 pessoas morreram ou ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. O grupo acusa Israel de ter liderado o ataque aéreo. Militares israelenses, no entanto, negam a responsabilidade pela ação e alegam que a unidade foi atingida por um lançamento fracassado de um foguete pela Jihad Islâmica.
Fonte: Agência Brasil
Foto: UN Photo/Loey Felipe