Mocidade
Com muito samba no pé e alegria resplandescente, a Mocidade Olariense foi a primeira escola de samba a entrar na avenida nesta sexta-feira, 14, primeira noite de desfiles do Carnaval do Grupo Especial de Belém. Após dez anos, a Escola retorna ao Grupo Especial com o samba-enredo "A Revolta das Icamiabas: um delírio fascinante em defesa do reino das pedras verdes".
Para o carnavalesco Eduardo Vieira, os belenenses podem esperar uma escola linda e cheia de garra. "É a escola que mais vocês vão ver cantar e interagir com o público, porque fizemos um trabalho árduo e lindo dentro da comunidade que abraçou o tema e o nosso desafio", declarou.
A Escola chegou na avenida com 1.400 brincantes, 10 alas e 5 alegorias, com um samba-enredo que foca em abordar a beleza da mulher como guerreiras e defensoras da amazônia no passado e no presente, entregando à população seu muiraquitã, o amuleto da sorte.
"Meu coração tá dividido, mas sigo torcendo para a Mocidade por causa da minha mãe que está desfilando com todo o seu grupo folclórico. Moramos no bairro do samba e do amor e o Carnaval é algo que amamos. Ver minha mãe com quase 60 anos desfilando me traz muita felicidade", disse Luiz Cláudio Duarte, que estava atento para prestigiar a passagem da Escola.
A escola trabalhou fortemente a temática do cuidado com a Amazônia pela mão das Icamiabas que aproveitou a oportunidade para criar diversos materiais da fantasias com material reciclado, destacando que pode ir do lixo ao luxo com preservação ao meio ambiente e com o apoio da comunidade. E foi assim que Daniel da Silva, um jovem de 19 anos, que já desfila pela escola há três anos entendeu o recado deixado a população.
"Nós mergulhamos dentro do barracão pra construir tudo que você estão vendo. Foram meses dedicação e tenho certeza que vai valer a pena" declarou o jovem que desfilou na comissão de frente.
Rancho
Uma das mais tradicionais escolas de samba de Belém, o Grêmio Recreativo Beneficente Jurunense Rancho Não Posso Me Amofiná, foi a segunda Escola a desfilar no corredor da folia no final da noite de sexta-feira, 14, como parte do desfile das Escolas do Grupo Especial de Belém. A agremiação carnavalesca trouxe uma homenagem a um dos fundadores de uma rede de supermercados com o samba-enredo "A história do mascate amazônico que se tornou o midas do norte".
Com mais de 90 anos de fundação, o Rancho carrega uma torcida fiel e aguerrida, a exemplo de Sarah Oliveira que declarou sua expectativa em torno da apresentação da Escola. "É a minha escola do coração na qual eu carrego um amor de gerações. Minha avó desfilou até seu ultimo dia de vida, aos 80 anos, e eu quero manter essa chama e a tradição vivas", declarou.
Com 35 títulos, a agremiação carnavalesca apostou em um samba-enredo que homenageia Oscar Rodrigues, ressaltando sua trajetória à luz, desde sua infância humilde até a construção de seu sólido império que o destaca com um dos mais bem sucedidos empresários da região norte, denominado como o "Midas do Norte", destacado pela Escola.
"Fazer essa homenagem afirma nosso carinho pela história e compromisso social que Oscar fez ao longo dos anos com toda a comunidade e, principaalmente, a nossa jurunense", declarou Jackson Santarém, presidente da agremiação. Com 1.700 brincantes, 10 alas e 33 alegorias a Escola de Samba passou pela avenida com muito brilho e na certeza de conquistar o título de campeã de 2025.
Deixa Falar
O Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial, promovido pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult), em parceria com as Escolas de Samba Associadas (ESA), encantou cerca de 15 mil foliões que lotaram as arquibancadas do Complexo Aldeia Amazônica David Miguel, no bairro da Pedreira, em Belém (PA). A energia vibrante e a emoção do público embalaram a festa, que se estendeu até o final da madrugada de sábado, 15.
Era por volta de 1h30 quando a passarela do samba abriu alas para o desfile da escola Grêmio Recreativo Cultural e Carnavalesco Deixa Falar, do bairro da Cidade Velha, a quinta colocada no Carnaval do ano passado. Em busca do título de 2025, a agremiação trouxe à avenida o samba-enredo "O Sonho Virou Realidade: Uma Gota de Amor para Salvar a Criação".
Um Enredo de Fé e Reflexão
O presidente da Deixa Falar, Douglas Mendes, explicou que o enredo aborda as religiões de matriz africana e os grandes desafios enfrentados pelo mundo, com destaque para a preservação da Amazônia. “Nossos orixás são oriundos da natureza, e com a intervenção deles, temos esperança de que a união e o amor salvarão a criação”, afirmou.
Com essa mensagem de fé e resistência, a escola sonha em voltar ao topo, após seu último título conquistado em 2017. “Estamos nos preparando desde setembro do ano passado. Carnaval é isso: dedicação, emoção e fé. E isso temos de sobra! Nossos orixás vão nos ajudar nessa conquista”, completou Douglas.
Brilho e Paixão na Avenida
O entusiasmo da escola também foi refletido nos seus integrantes. A madrinha de bateria, Gleise Silva, mostrou carisma, simpatia e muito samba no pé ao som da batucada. “Vou dar minha contribuição para a Deixa Falar brilhar na avenida. Como alguém que cultua as religiões de matriz africana, entro na passarela com energia e determinação. Vou dar o sangue pelo nosso desfile”, destacou.
A empolgação da Deixa Falar não tem idade. Um exemplo disso é Milton Leopoldino, integrante da bateria da escola. Aos 86 anos, ele mantém o mesmo entusiasmo de sempre, desfilando há mais de 30 anos pela agremiação. “Carnaval é alegria! Por isso, me sinto rejuvenescido na avenida tocando bateria pela minha escola”, afirmou emocionado.
Império
O relógio marcava 2h40 da madrugada, mas o horário não foi capaz de diminuir a animação do público e dos foliões, especialmente da Embaixada do Império Pedreirense, a última escola a se apresentar na primeira noite do Desfile das Escolas de Samba de Belém, a agremiação fez valer seu favoritismo e incendiou a Aldeia Amazônica David Miguel, no bairro da Pedreira, com um espetáculo de cores, ritmo e tradição.
Atual campeã do Carnaval de Belém, título que divide com a Bole Bole após o empate em 2024, a Império Pedreirense veio determinada a conquistar o troféu de forma absoluta este ano. Para isso, levou à avenida o enredo "As Águas dos Meus Encantos nos Cantos dos Curimbós", exaltando a riqueza dos rios amazônicos, a natureza e a diversidade cultural da região.
"Fazemos referência aos nossos rios, à nossa riqueza natural, às nossas florestas. Mas, principalmente, à nossa diversidade cultural, que encanta o mundo todo, incluindo a tradição popular carnavalesca da comunidade pedreirense. Isso reforça a nossa certeza de que seremos campeões", afirmou Chico da Embaixada, presidente da escola.
O brilho no olhar e os sorrisos dos integrantes demonstravam a confiança no desfile. Um exemplo disso foi Beatriz Calandrini, destaque da escola e veterana do Carnaval que, há mais de 15 anos, vive intensamente essa paixão. "A gente sabe que a Império, assim como o bairro da Pedreira, carrega a tradição do samba. Estamos aqui para vencer", confia Beatriz.
Se depender da força da torcida, o título já tem dono. Sendo uma agremiação da Pedreira, conhecido tradicionalmente como o "bairro do samba e do amor", a Império transformou a Aldeia Amazônica em seu território na primeira noite de desfiles. "Nós, pedreirenses, carregamos esse amor pelo samba na veia. Estamos na torcida pelo Império, que fez um desfile lindo, cheio de cores, samba no pé e alegria", enfatizou Renato Guimarães, morador da Pedreira e apaixonado pela escola.
Fonte: Agência Belém
Foto: Bruno Nobre