União de esforços

Ministros e governador anunciam recursos de R$ 165 milhões para o Marajó

O arquipélago irá receber 20% dos R$ 695 milhões anunciados pelo Governo Federal para o Estado por meio do projeto Caravana Brasil Sem Fome.

Mariluz Coelho | Especial para o POD

19/04/2024 22:52
Ministros e governador anunciam recursos de R$ 165 milhões para o Marajó

Belém, PA - Dos R$ 695 milhões anunciados pelo governo federal para o Estado do Pará, durante a Caravana Brasil Sem Fome, 165 milhões vão para o Marajó, mais de 20% do total dos recursos.  O Arquipélago tornou-se uma das prioridades do governo Lula e também do governador Helder Barbalho. 


O objetivo é incentivar a inclusão socioprodutiva e a conservação do bioma Amazônia e ecossistemas costeiros e marinhos, como instrumento para promoção do desenvolvimento rural sustentável. Os anúncios foram feitos durante ato político-governamental nesta sexta-feira, 19, no município de Salvaterra, no Marajó.


O Arquipélago tem somente 591 mil habitantes dos mais de 8 milhões de pessoas que vivem no Pará. Porém, o território marajoara está entre os menores índices de desenvolvimento humano do Brasil, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano IDH (Com base nos Censos do IBGE nos anos de 1991, 2000 e 2010).


Sobre a realidade


O governador do Pará, Helder Barbalho, defendeu a integração entre as diferentes esferas do Executivo como caminho para o desenvolvimento do Marajó. Helder também falou sobre a polêmica que, recentemente, foi levantada, em âmbito nacional, sobre possíveis casos de exploração sexual e tráfico humano, no arquipélago. 


“Não se muda a realidade com Fake News, como se o Marajó fosse exemplo de abuso infantil. Se muda a realidade colocando o Marajó no orçamento do Brasil. Aqui temos abuso igual a uma praia Rio de Janeiro, à Cracolândia, em são Paulo, ou o Terminal Rodoviário de Brasília. Nós não somos diferentes. Aonde tem problema social, desemprego, tem problema das mais diversas ordens que geram as dificuldades para as crianças, para os jovens, adultos e idosos”, afirmou o governador. 


Pobreza histórica


De fato, a pobreza está espalhada entre os 17 municípios em um território dividido pelas águas, o que dificulta o acesso aos serviços públicos, como saúde e educação. Atualmente 85% dos habitantes estão no Cadastro Único do governo federal para receber auxílio. 


Ao mesmo tempo que tem dificuldades, o Marajó possui um território rico em biodiversidade, cultura popular e vocação ao turismo. “O objetivo do Brasil sem Fome é tirar a fome do povo, mas, isso é casado com o plano para redução da pobreza”, afirmou o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, durante a visita aos municípios de Salvaterra e Soure, nesta sexta-feira, 19. 


Grupo participou de entregas no arquipélago


Entregas e visitas


Em Salvaterra, os ministros entregaram, na escola da comunidade quilombola Boa Vista, uma cisterna com tecnologia social para tratamento de água da chuva, que, após o processamento, fica boa para o consumo dos alunos. A unidade também será abastecida com merenda escolar produzida a partir do que for colhido da horta social, gerenciada pela comunidade.  Os próprios moradores plantam e vendem a produção para o preparo da merenda.


“Temos mais segurança hídrica alimentação saldável. Devido a situação financeira, a merenda escolar as vezes é a única alimentação de alguns alunos, afirma a diretora da escola, Lindiara Souza dos Prazeres.


Na comunidade quilombola Vila União, também em Salvaterra, os ministros conheceram a cozinha solidária, onde cerca de 50 mulheres utilizam insumos plantados na localidade para preparar os alimentos. Parte vai para o consumo próprio comunidade e o excedente é comercializado para gerar renda para aos moradores do quilombo.


“Há um olhar atento também às comunidades ribeirinhas, quilombolas da região do Marajó, com uma rede de distribuição de água potável aos equipamentos socioassistenciais; investimento para o programa de fomento rural e distribuição de alimentos da agricultura familiar. Uma união de esforços do governo Federal e do governo Estadual em prol daqueles que mais precisam e estiveram esquecidos ao longo dos anos”, declarou o secretário de Assistência social do Pará, Inocêncio Gasparim.


Mais 1,4 bilhão para o Bolsa Família no Marajó


Em 2024, o Marajó receberá cerca de R$ 1,4 bilhão por meio do programa Bolsa Família, de acordo com o ministro Wellington Dias. A ideia é investir mais para diminuir a desigualdade histórica entre as diferentes regiões do país.


“Durante muito tempo o importante era que o Brasil crescesse. Primeiro a região Sudeste, depois mais fortemente a região Sul e, recentemente, o Centro Oeste. Nesse crescimento, a gente criou grandes desigualdades. O Nordeste e o Norte ficaram para traz”, afirmou Dias, para quem a desigualdade é ainda maior no Marajó. 


Outros repasses

 

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) anunciou busca ativa do Bolsa Verde para a inclusão de 25 mil novas famílias no programa de apoio à conservação ambiental. Pelo projeto, cada família poderá receber até R$ 600,00 trimestrais para contribuir na manutenção da floresta em pé. 


Em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), o MMA também divulgou o edital de chamamento público para entidades prestarem assistência técnica e extensão rural a cerca de 6.300 beneficiários do programa Bolsa Verde.


O MMA anunciou ainda o projeto Migração Interna no Brasil, que tem o objetivo de preparar os governos municipais para promover a proteção dos direitos humanos de migrantes internos brasileiros e de povos e comunidades tradicionais, incluindo o direito ao meio ambiente sustentável.


Só o Marajó vai receber cerca de R$ 500 mil por meio do programa. Já o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH) anunciou investimento de R$ 2 milhões para apoiar a titulação de territórios quilombolas em Salvaterra, no Marajó. O Ministério da Cultura (MinC), por sua vez, anunciou investimentos de R$ 4,3 milhões, por meio da Lei Aldir Blanc, para incentivar a cultura na região.


Fotos: João Ramid

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