Ministério Público do Pará começou a investigar um suposto esquema de fraudes na saúde do município de Ananindeua, já denunciado reiteradas vezes, conforme matéria veiculada nesta coluna em 10 de agosto do ano passado. Entre as denúncias estão as solicitações em massa, pelo SUS, de cirurgias oftalmológicas de catarata e glaucoma em jovens e adultos jovens, mas também de estranhos casos "importação" de pacientes fantasmas de outros municípios não pactuados com a Secretaria de Saúde, inclusive do Maranhão.
Os dados contraditórios apontam para
fraudes praticadas por duas instituições de saúde de Ananindeua. O primeiro, o
Hospital Modelo, recebeu quase R$ 4 milhões do SUS somente em 2021. Desse
montante, mais da metade, R$ 2.294.759,97 foram dedicados para cirurgias que
supostamente inverteram a lógica e teriam sido realizadas em pacientes jovens.
Novos depoimentos
Nos próximos dias, um promotor de
Justiça de Direitos Constitucionais e Fundamentais vai ouvir o médico autor da
denúncia, que solicita, inclusive, a presença da imprensa em seu depoimento,
além de transporte oficial do MP, pois não se sente seguro para reiterar as
denúncias após um longo tempo de impunidades.
Altos valores
Especificamente para cirurgias de
glaucoma e catarata, o Hospital Modelo recebeu do SUS, em 2021, mais de R$ 1
milhão, na cifra exata de R$ 1.529.084,85, de acordo com o extrato do SAI-SUS,
de repasses do governo federal. O relatório indica ainda muitas - e estranhas -
cirurgias de “facoemulsificação com implante de lente intraocular”, ou cirurgia
de catarata, e “trabeculectomia”, que é a cirurgia do glaucoma, com um número
expressivo de pacientes adultos jovens, um público que, pela literatura médica,
não costuma ter glaucoma e catarata nesta fase da vida.
Já entre os demais atendimentos
oftalmológicos, que consumiram outros R$ 700 mil em recursos repassados naquele
ano, todos de alto custo, aparecem cirurgias de retina e tomografias -
procedimentos tecnicamente chamados de “tratamento de fotocoagulação a laser” e
exame de tomografia de coerência óptica (OCT). Porém, com todos os pedidos sem
o devido laudo de comprovação da real necessidade e indicação, como recomenda o
Protocolo de Solicitação, emitido em nota técnica elaborada e encaminhada a
todos os hospitais conveniados ao SUS pelo Serviço de Regulação.
A quem não interessa?
O caso é grave. Os valores repassados
pela Secretaria de Saúde de Ananindeua envolvem recursos federais do SUS
enviados ao município. Ainda assim, o Ministério Público Federal no Pará,
informado pela “Notícia de Fato” 123.000.001601/2022- 01 (06/08/2022), adotou o
contraditório posicionamento de não querer saber do caso que, em outras
palavras, atenta contra a saúde pública em Ananindeua, com o uso das verbas
também públicas do SUS, além da falsificação de laudos de Autorização de
Procedimentos de Alta Complexidade (Apac), um documento de uso exclusivo do
SUS, com evidências de adulteração de endereços e procedimentos cirúrgicos.
Mesmo assim, o MPF remeteu os autos
das denúncias para a esfera estadual, que até hoje não havia dado
andamento ao caso. À época, a situação também foi denunciada na
Superintendência da Polícia Federal no Pará (protocolo nº
08360.004198/2023-18), em 10/05/2023; - Controladoria Geral da União (CGU –
protocolo nº 00106.013669/2023-88), em 15/05/2023; - Tribunal de Contas da
União (TCU-SisOuvidoria, demanda nº 361963), em 19/05/2023, mas, de maneira
inexplicável, o assunto e as provas apresentadas pelo denunciante não chamaram
a atenção de nenhum desses órgãos.
Procurado pela reportagem em agosto
do ano passado, o procurador Bruno Valente informou que o MPF constatou que não
havia recursos de jurisdição federal envolvidos, mesmo diante dos recursos
voltados para a média e alta complexidade. A nota insistiu e disse à época que
“O MPF oficiou para o Ministério da Saúde e teve a confirmação de que foram
recursos do próprio município de Ananindeua”.
Então, tá: se foram esses os
recursos, tudo certo. Certo?
Modus operandi
O detalhamento do modus
operandi da fraude começou a ser denunciado em 2022 pelo médico Wirley
de Barros, que era auditor do sistema de regulação da Secretaria de Saúde de
Ananindeua e começou a estranhar a faixa etária dos pacientes. Ao aprofundar as
auditorias, deparou-se com as guias de solicitação dos procedimentos emitidas
com os campos de datas das consultas em branco assinadas pelos mesmos médicos.
Como nas telenovelas, em que só há um
médico na cidade, em Ananindeua o oftalmologista Carlos Augusto Alves era
sempre o único a assinar as guias, alternando entre duas repetitivas
“justificativas” de trauma ocular. O modo de atuação é parecido no Hopa, onde
todos os procedimentos são assinados por um mesmo médico, o oftalmologista João
Marcos Nascimento, e também sem a devida justificativa exigida pelas regras do
SUS.
Hospital “dois em um”
O fato é que as denúncias ocorreram
corriqueiramente pela atuação de dois hospitais privados conveniados ao SUS. Um
deles - o Hospital Modelo de Ananindeua, na Cidade Nova VII, e que pertence ao
deputado estadual Erick Monteiro (PSDB), é o nome preenchido nas guias, mas, na
prática, os supostos procedimentos oftalmológicos são realizados em outro
prédio, o do Hospital de Olhos de Ananindeua, que fica logo na esquina da mesma
rua, a cerca de 500 metros do primeiro.
Um terceiro hospital também aparece
no esquema, mas em números bem menores. Trata-se do Hospital Oftalmológico do
Pará (Hopa), que tem como administradora a empresária Gilene Mendes, que não é
medica, mas é há anos uma pessoa da estrita confiança do ex-prefeito Manoel
Pioneiro (PSDB). Gilene, inclusive, foi oficialmente chefe de gabinete de
Pioneiro na Prefeitura de Ananindeua, sendo que no último mandato do prefeito
ela saiu em 2016, a pedido, para se dedicar somente aos negócios do então
prefeito, incluindo a abertura do Hopa.
Papo Reto
O ex-secretário de Saúde de
Parauapebas Gilberto Laranjeira (foto) foi visto circulando
pelos gabinetes da prefeitura comandada por Darci Lermen.
Laranjeira virou espécie de
"unha e carne" do prefeito Darci Lermen, do MDB, mas é acusado de ter
colocado a saúde da bilionária cidade na UTI.
A explosão dos casos de dengue no
Brasil fez o País ultrapassar a marca de meio milhão de casos da doença, volume
quatro vezes maior do que o mesmo período de 2023.
Acredite, um total de 75 mortes já
foram confirmadas e outras 340 seguem sob investigação, segundo o Ministério da
Saúde.
O Sindicato de Delegados de São Paulo
emitiu nota de repúdio ao desfile da Vai-Vai, que exibiu uma de suas alas com
participantes em roupas militares com a inscrição "Choque" nos
escudos, além de asas e chifres em tons vermelho, laranja e amarelo.
Humanos alteraram tanto a Terra que
animais migratórios já correm seríssimo risco de extinção.
Das 1.189 criaturas listadas, mais de
uma em cada cinco estão ameaçadas e incluem espécies de todos os grupos.
Peixes são a principal preocupação,
com 97% das espécies em risco de extinção.
O BNDES aprovou R$ 5,3 bilhões em
operações de financiamento à inovação ano passado, um aumento de 132% em
relação a 2022.
Considerando apenas operações
contratadas diretamente com o Banco, o total aprovado foi de R$ 3,9 bilhões,
incremento de 181% sobre o ano anterior.
O crescimento foi impulsionado
principalmente pelo programa BNDES Mais Inovação, lançado em setembro, que
oferece custo atrelado à taxa referencial para projetos de inovação e
digitalização.
Em menos de quatro meses de
funcionamento, o programa registrou um total de R$ 3,5 bilhões aprovados em 24
operações para projetos de diferentes segmentos da indústria.
Servidores do Banco Central prometem
“radicalizar” greve após o governo oferecer um reajuste salarial de 13%,
porém parcelado.
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