Apesar de representarem 51,5% da população brasileira, as mulheres continuam a enfrentar obstáculos significativos em sua ascensão rumo à liderança no mercado de trabalho. Segundo dados do último Censo, menos de 40% dos cargos executivos no país são ocupados por mulheres, refletindo diretamente em sua remuneração, que é em média 21,1% menor do que a dos homens.
Diante desse cenário, o movimento Elas Lideram, iniciativa do Pacto Global da ONU, propõe um caminho de mudança ao mobilizar 1.500 empresas brasileiras com o objetivo de levar mais de 11 mil mulheres para cargos de alta liderança até 2030.
De acordo com a professora do curso de MBA em liderança feminina da Human SA, Dani Plesnik, para enfrentar esse desafio e preparar as mulheres para os cargos de liderança, é necessário que existam medidas concretas para cumprir o compromisso com a diversidade de gênero, dentre eles: revisão nos processos de contratação e promoção, mentoria, sponsoring, políticas públicas e investimentos privados.
“Há anos estamos mapeando, descrevendo e quantificando os problemas que as mulheres enfrentam no mundo corporativo. Já sabemos os benefícios que a representatividade feminina na liderança representa. Aumento de inovação, criatividade, produtividade, dentre tantos outros efeitos positivos já mapeados. Agora é necessário agir”, destaca.
Apesar das mulheres serem ainda minoria nos cargos de gestão, o país está avançando. O Brasil ocupa o 11º lugar no ranking de países com maior presença de mulheres em cargos de liderança, segundo a empresa global de consultoria Grant Thornton. Porém, persistem desafios que impactam esse ranking, como a disparidade na divisão de afazeres domésticos, com as mulheres dedicando em média 9,6 horas a mais por semana do que os homens.
Essa sobrecarga é ainda mais evidente entre as mães, conforme demonstra pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, que revela que quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade não retorna ao mercado de trabalho após 24 meses. Já uma pesquisa da Ticket, marca de benefícios da Edenred Brasil, revelou que 52% das mulheres com filhos já sofreram algum tipo de preconceito no ambiente profissional, seja em processos seletivos ou nos locais em que trabalharam.
“A busca por um futuro mais justo e igualitário requer esforços contínuos e colaborativos, com a conscientização de que a liderança feminina não é apenas um desejo, mas uma necessidade para construir uma sociedade equilibrada e sustentável. Isso permeia a educação somada a ação”, comenta a professora do curso de Liderança Feminina.
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