a manhã desta terça-feira, 11, conforme testemunhou uma assídua leitora da Coluna Olavo Dutra, uma manifestação tímida e solitária ocupava o entorno da Praça da República, no centro de Belém: “Fome!”, gritavam os manifestantes, pessoas que, desde o dia primeiro deste mês, não contam mais os serviços do Restaurante Popular, fechado pela prefeitura.
O espaço funcionava às proximidades da praça e oferecia pratos ao preço simbólico de R$ 2 montados com proteína - frango, carne ou peixe -, salada, arroz, feijão, farinha e uma fruta como sobremesa. O preço acessível era fruto do subsídio pago pela Prefeitura de Belém, que bancava quase todo o valor aplicado na ação social, favorecendo centenas de pessoas.
Cerca de 1,2 mil refeições eram servidas por dia para trabalhadores, pessoas em situação de vulnerabilidade social, moradores de rua e idosos, de segunda a sexta-feira. O projeto também beneficiava pessoas que moravam longe do centro de Belém, mas que trabalhavam nessa parte da cidade
“A culpa não é minha”
A nota emitida pela Prefeitura de Belém sobre o assunto atribui a culpa pelo fechamento do Restaurante Popular à gestão do ex-prefeito Edmilson Rodrigues. De acordo com o documento, “a renovação de contrato - com a empresa fornecedora - não foi prevista pela gestão anterior, o que obrigou à paralisação do atendimento por um breve espaço de tempo”.
A nota não diz quanto esse “breve espaço de tempo” vai durar e, por isso mesmo, não há uma previsão de retomada das atividades. Tudo o que se sabe é que uma nova licitação será feita para que, então, o serviço volte a funcionar. Mas tudo ao ritmo da boa e velha burocracia.
Os gritos de fome
Até agora, foram poucas as manifestações contra o fechamento do restaurante. A Câmara de Vereadores de Belém, que segue no ritmo do “sim senhor” para tudo o que determina o novo prefeito, permanece queda e muda sobre a medida. Os que mais precisam, como os poucos que gritam “de fome" para todo mundo ouvir, na manhã desta terça, são os menos ouvidos.
E o vento levou...
Semana passada, em visita ao padre Júlio Lancellotti, na Paróquia São Miguel Arcanjo, em São Paulo - com quem conversou sobre o assunto -, o fotojornalista João Paulo Guimarães retratou a situação das pessoas afetadas pelo fechamento do Restaurante Popular em Belém e fez, nas redes sociais, um apelo para que o espaço seja reaberto. Ao que tudo indica, mais um grito solto ao vento que corre o risco de se perder na atmosfera sombria que paira sobre Belém neste começo de administração.
Papo Reto
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