Moscou - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou
neste sábado, dia 10, a demora na investigação sobre a fraude no INSS e o
processo de ressarcimento dos aposentados e pensionistas lesados pelo esquema
criminoso, e atrelou os escândalos ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL).
Ao fim de sua viagem à Rússia, Lula foi questionado sobre a velocidade na
reparação das vítimas, se considera que o governo demorou a tomar providências
e sobre o tamanho do desgaste político.
O escândalo motivou uma troca no comando do Ministério da Previdência Social, a
saída do PDT da base do governo e vem sendo explorado amplamente pela oposição
nas redes sociais contra Lula.
Ele respondeu que a demora ocorre porque quer uma investigação profunda e não
fazer "pirotecnia" com a apuração sobre a quadrilha. Segundo o
petista, o caso vem sendo apurado com uso de informações de inteligência e sem
alarde. Para Lula, há entidades sérias no INSS, e outras que foram criadas para
cometer crimes.
O caso motivou a Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF) e da
Controladoria-Geral da União (CGU) sobre descontos de ao menos R$ 6 bilhões não
autorizados em benefícios da Previdência. Lula disse que o caso "está na
mão da Justiça".
"Tanto a CGU quanto a Polícia Federal foram a fundo para chegar no coração
da quadrilha", disse Lula. "Se tivesse feito um carnaval um ano
atrás, possivelmente teria parado no carnaval. Como acontece em todas as
denúncias. Você faz um show de pirotecnia em uma semana, na outra semana sai da
pirotecnia e esquece. Não. Nós resolvemos desmontar uma quadrilha que foi
criada em 2019. É importante saber que uma quadrilha que foi criada em 2019. E
vocês sabem quem governava o Brasil em 2019", reagiu o presidente, em
referência ao antecessor Jair Bolsonaro
Ele também citou, sem dar nomes, que todos sabem os nomes dos ministros da Casa
Civil e da Previdência no governo Bolsonaro.
Como mostrado pelo Estadão, o problema dos descontos ilegais em benefícios
do INSS começou a entrar no radar em 2018, durante o governo Bolsonaro, mas
disparou a partir de 2023, primeiro ano de Lula. Um dos motivos para esse
aumento está em uma medida que revogou o controle sobre descontos sancionada
pelo ex-presidente em 2022Ele também citou, sem dar nomes, que todos sabem os
nomes dos ministros da Casa Civil e da Previdência no governo Bolsonaro.
Lula ainda destacou que os recursos vinham dos salários de aposentados e não
dos cofres públicos.
"O crime foi um assalto a aposentados e pensionistas nesse País. O que eu
acho mais grave: eles não foram no cofre do INSS, eles foram no bolso do povo.
Isso nos deixa mais revoltados e por isso vamos a fundo para saber quem é quem
nesse jogo e se tinha alguém do governo passado envolvido nisso. Não tenho
pressa."
O petista disse que não deseja buscar "manchetes de jornal", mas sim
apurar o escândalo e congelar os bens de "entidades que roubaram"
para assim obter dinheiro para compensar as vítimas.
Lula diz que governo ainda precisa sistematizar o ressarcimento
A respeito do ressarcimento, Lula disse que o governo ainda precisa
sistematizar o tamanho da fraude e receber todas as queixas de beneficiários do
INSS que tenham sido debitados sem aval.
"Devolver ou não vai depender de você constatar a quantidade de pessoas
que foram enganadas. A quantidade de pessoas que teve o seu nome em uma lista
sem que eles tivessem assinado. Porque aqueles que assinaram, sabe,
autorizaram", afirmou o presidente. "As vítimas não serão
prejudicadas. Serão prejudicados aqueles que um dia ousaram explorarar os
aposentados e pensionistas brasileiros criando entidades e fazendo promessas
nunca cumpridas para esse povo."
Nesta sexta-feira, 9, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que recebeu
informações da Advocacia-Geral da União (AGU) de que os recursos bloqueados das
contas das associações e sindicatos que fraudaram o INSS são suficientes para
ressarcir os de aposentados e pensionistas que foram lesados.
Já a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou na quinta-feira, 8, que,
se necessário, a União completará com dinheiro público os recursos para que
aconteça o ressarcimento integral dos beneficiários lesados.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução