Culinária

Joelma ensina receita paraense e Tacacá atinge pico de buscas na internet

Matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, deste domingo, mostra que interesse pela iguaria tem origem na música 'Voando Pro Pará', da cantora Joelma.

05/11/2023 16:27


São Paulo (SP) - "Eu vou tomar um tacacá". Se você usa as redes sociais todos os dias, talvez tenha visto um vídeo aleatório sendo embalado por esse refrão da música "Voando Pro Pará" da cantora Joelma.


Dados do Google Trends mostram que, por conta do meme, o prato paraense atingiu em outubro um pico de interesse de buscas desde 2004, ano do começo da série histórica da plataforma.


A canção foi lançada em 2016, mas viralizou apenas agora. No Spotify, são 7,13 milhões de reproduções sendo a música mais popular da Joelma por lá. No TikTok, as hashtags #tacacá, #voutomarumtacaca e #tacacajoelma somam 26,2 milhões de visualizações.


De acordo com o TikTok, canções de diferentes épocas e estilos estão ganhando uma nova relevância e conquistando uma audiência mais ampla por conta do sucesso no aplicativo. Além de "Voando Pro Pará", outra canção que se tornou tendência foi a música "Vai, Vai Muuuu", de Rick e Renner, de 2007.




O que é um Tacacá?


O Tacacá é um prato típico do Pará e da culinária amazônica, apreciado também em outros estados como Roraima e Amazonas. É considerado uma bebida quente, uma espécie de sopa, para ser consumida mesmo nos dias de muito calor e sem o uso de talheres.


"[O prato] vem com camarão seco por dentro, jambu cozido, pimenta e goma de mandioca. Vem tudo em uma cuia. A gente toma ali no final da tarde ou no início da noite e é uma refeição completa", diz o apresentador e chef paraense Thiago Castanho.


Historicamente, o tacacá era vendido pelas tacacazeiras, que têm um dia dedicado a elas, comemorado em 13 de setembro. Além disso, essas vendedoras são reconhecidas como patrimônio cultural da cidade de Belém.


Mas já não é algo feito só por elas, os saberes envolvidos no preparo do tacacá vêm sendo transmitidos entre gerações. Aldrin de Figueiredo, professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) e diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, diz que hoje a iguaria também é feita por homens.


Para os paraenses, o tacacá é símbolo de comida de rua e é encontrado em barracas, cada uma delas com seu próprio tempero. "Cada pessoa lá em Belém, por exemplo, seleciona sua barraca do coração", diz Castanho.


Para Leite, o tacacá é como se fosse o cachorro-quente de São Paulo. A forma como o prato é feito pode mudar de acordo com o lugar. Segundo Castanho, em Santarém (PA), o tacacá é feito com camarão da água doce, enquanto em Belém, o camarão é proveniente da água salgada. Além disso, há lugares que trocam o camarão por caranguejo.


O sabor também pode ser diferente a depender da região, especialmente por conta do tucupi, um dos ingredientes da receita. "O tacacá de Belém é um pouco mais azedo por conta da fermentação do tucupi, já na Amazônia, você vai encontrar um tucupi mais doce", diz Figueiredo.


Uma das especificidades do prato é a sensação de amortecimento na boca. Isso acontece por conta do jambu que aliado ao sabor da pimenta traz um prato repleto de sensações.

Para Figueiredo, essas sensações proporcionam um calor refrescante, sendo algo citado até mesmo na literatura sobre o prato. "Ali, na rua, sob a sombra de uma árvore, acaba se tornando um campo de experiências sensoriais.”


Por esse motivo, Leite recomenda que ao tomar o tacacá pela primeira vez precisa ir de mente aberta. "Você vai amar ou vai odiar porque não tem meio-termo. É uma coisa diferente".


(Foto: Reprodução/X)


(Com a Folha)

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