Repleto de campanhas voltadas para a saúde integral da população masculina, o ‘Novembro Azul’ no Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, também traz consigo o alerta sobre o câncer de pênis. A neoplasia pode ser evitada com a adoção de cuidados básicos de higiene na região íntima e com mudanças no estilo de vida, como a prática de sexo seguro. Casos suspeitos devem ser avaliados por um especialista o quanto antes, uma vez que a detecção tardia da doença é uma das principais causas de amputações e de óbito.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), apenas 32% dos homens acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a própria saúde. Ainda segundo a entidade científica especializada em enfermidades do sistema urinário, 46% dos participantes da pesquisa revelaram buscar ajuda médica apenas quando sentem algo.
Consoante levantamento recente da SBU, que reuniu dados do Ministério da Saúde (MS) entre os meses de janeiro a novembro de 2022, foram registrados 1.933 casos da doença em todo o território nacional. Desse montante, 459 dos quadros diagnósticos resultaram em amputações, que geram impactos físicos e psicológicos no paciente.
“O câncer de pênis é a proliferação de células tumorais no órgão genital masculino. Essas células invadem a área, desenvolvem-se e podem infiltrar-se em outras regiões do corpo. É uma doença grave que, se não for detectada precocemente, pode levar a consequências drásticas para o paciente, como mutilações e até o óbito”, alerta o urologista do HOL, Luis Otávio Pinto.
O médico explica que a maioria dos homens acometidos por essa neoplasia só busca ajuda especializada quando o tumor encontra-se em estágio avançado. A doença, que pode ser evitada com hábitos de higiene adequados, torna a amputação do órgão inevitável nos casos mais críticos.
“O câncer de pênis pode surgir na forma de lesão que aumenta progressivamente e não cicatriza, mesmo com os devidos cuidados. Por isso, lesões suspeitas devem sempre ser investigadas por um especialista. No entanto, assim como no câncer de próstata, muitos homens só procuram ajuda quando o caso está muito avançado”, afirma.
É importante atentar para alterações na cor da genitália e no surgimento de nódulos, manchas e feridas. Caroços na virilha também devem ser submetidos à avaliação criteriosa de um especialista, pois o tumor maligno pode atingir os gânglios linfáticos. O diagnóstico é feito por meio da biópsia da lesão peniana e o estágio da doença influencia diretamente nas taxas de cura.
“É muito importante conscientizar a população sobre os riscos da presença de lesões crônicas no pênis. Este tipo de câncer necessita de um diagnóstico diferenciado e os pacientes devem ser encaminhados para avaliação e biópsia, que pode indicar se há câncer ou alguma lesão pré-maligna, que precisa ser tratada para não se tornar um câncer”, alerta Luis Otávio.
Recomendações - Higienizar, diariamente e corretamente, a região íntima com água e sabonete evita o acúmulo de secreções que podem ocasionar infecções precursoras da neoplasia. Indivíduos com Papilomavírus Humano (HPV), transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas, estão entre o grupo de risco, assim como os fumantes e aqueles que têm fimose (excesso de pele que impede a exposição da glande e a limpeza adequada da área).
“Dentre as causas relacionadas a este tipo de câncer, destacamos os cuidados precários de higiene da genitália, o que inclui pacientes que têm fimose e que não conseguem fazer a limpeza correta da glande. Além disso, este tipo de câncer é associado com doenças sexualmente transmissíveis, logo, homens que têm muitas infecções por via sexual são mais propensos a desenvolver reações inflamatórias que levam à formação dessa neoplasia”, afirmou.
“Por decorrer de um quadro de infecções crônicas, geralmente este câncer surge em indivíduos acima dos 40 anos. Aqui no HOL, já atendemos vários pacientes que tiveram hábitos ruins por muitos anos e que, paulatinamente, inflamaram a região até que a doença se manifestou”, pontuou o urologista.
Agência Pará