Brasília, 29 - O ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, disse na noite da quarta-feira, 28, que não há neste momento
alternativas ao decreto que elevou alíquotas do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF). A declaração foi dada após uma reunião com os presidentes da
Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Ele afirmou que foi convidado pelos chefes das duas Casas para explicar a
necessidade do decreto que elevou o IOF e os impactos que uma eventual
revogação poderia causar no funcionamento da máquina pública.
"Expliquei também as consequências disso em caso de não aceitação da
medida. O que acarretaria em termos de contingenciamento adicional. Nós
ficaremos em um patamar bastante delicado do ponto de vista do funcionamento da
máquina pública do Estado brasileiro", disse Haddad.
Questionado se haveria alternativa ao IOF, o ministro disse que neste momento
não, mas reiterou que recebeu uma série de sugestões da Federação Brasileira de
Bancos (Febraban).
O ministro enfatizou ainda que a reunião com os parlamentares não foi marcada
para discutir a revogação do decreto. "Eu não vim discutir a revogação.
Porque o que está sendo discutido é a revogação pelo Congresso", afirmou.
Haddad disse que Motta e Alcolumbre manifestaram no encontro uma preocupação
muito grande por parte dos partidos em relação à manutenção do aumento do
imposto. Ambos fizeram um pedido para que fossem apresentadas às Casas medidas
de médio e longo prazo mais estruturantes, que envolvam, por exemplo, gastos
"primários e tributários".
O ministro explicou que em 2025 há uma certa dificuldade para a vigência de
medidas como estas devido a questões legais, mas está aberto para discutir
propostas que vigorem a partir de 2026 "Em 2025 nós temos uma certa
dificuldade em virtude do fato de que existem normas constitucionais que obrigam
a observação de noventena, anualidade", disse.
Haddad vai voltar a se reunir depois da semana que vem com Motta e Alcolumbre
para discutir formas que o Congresso "poderia colaborar para que no lugar
de uma medida como essa você tivesse um horizonte mais estruturante para a
frente". "Por exemplo, pensando em 2026, 2027 e 2028. O que poderia
ser feito já que estruturasse melhor a questão orçamentária sem a necessidade
de medidas pontuais como essa", afirmou o ministro.
O encontro de Haddad com a cúpula do Congresso ocorreu na véspera da reunião de
líderes da Câmara que deve discutir os projetos de decretos legislativos que
pedem a derrubada da medida anunciada pela Fazenda. A pressão em torno das
proposições tem crescido na Câmara ao longo da semana, assim como as
sinalizações de deputados, em especial da oposição, para que o governo
eventualmente recue sobre o tema.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil