Grande Belém registra 406 pessoas mortas este ano em 542 tiroteios; Segup não se manifesta.

Instituto Fogo Cruzado aponta que de janeiro a outubro 20 agentes de segurança também morreram, em serviço ou não.

01/11/2024 08:40
Grande Belém registra 406 pessoas mortas este ano em 542 tiroteios; Segup não se manifesta.
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o dia 8 de outubro, Odilson Pereira Carvalho, de 63 anos, militar aposentado da Marinha, foi executado a tiros quando chegava na casa dele para almoçar. O militar foi alvejado e morto quando deixava o veículo, uma Kombi, que utilizava para fazer fretes no bairro.  Com a morte de Odilson, na rua Osvaldo de Caldas Brito, no bairro do Jurunas, o Instituto Fogo Cruzado contabiliza que 30 agentes de segurança pública foram baleados na Região Metropolitana de Belém somente em 2024. O mapeamento aponta que a maioria dos agentes mortos estavam fora de serviço ou eram aposentados. 


De 30 agentes públicos envolvidos, 20 morreram e dez ficaram feridos, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado/Fotos: Divulgação.
 

O assassinato do militar também aponta que esse crime contribuiu para a estatística de “ataque armado sobre rodas”, visto que os moradores contaram que os assassinos estavam em uma motocicleta: o “garupa” abordou o militar e logo disparou cerca de dez disparos de arma de fogo, quase à queima roupa, matando o aposentado imediatamente.

 

O mapa do crime

 

Entre janeiro e outubro de 2024, dos 30 agentes de segurança pública que foram alvejados, 20 morreram e dez ficaram feridos. Em média, é como se três agentes fossem baleados por mês. O mapeamento do Instituto Fogo Cruzado aponta que mais da metade das vítimas estavam fora de serviço ou de folga no momento das ocorrências. Foram 18 baleados nestas circunstâncias, dos quais 13 morreram e cinco ficaram feridos.

 

Entre os agentes, seis morreram e um ficou ferido. Os quatro agentes que estavam em serviço no momento das ocorrências sobreviveram. Além disso, houve a morte de um agente cujo status de serviço não foi identificado pelo Instituto.

 

Alvo preferencial

 

Dentre as corporações envolvidas, a Polícia Militar foi a mais atingida, com 19 agentes baleados, resultando em dez mortos e nove feridos. A Polícia Penal registrou seis agentes baleados, sendo cinco mortos e um ferido. Guardas municipais também foram vítimas da violência armada, com três mortos. Além disso, houve a morte de um oficial da Marinha e de um policial civil.

 

Os agentes de segurança incluem policiais civis, militares, federais, guardas municipais, agentes penitenciários, bombeiros e militares das forças armadas, na ativa, na reserva e reformados.

 

Plataforma federal

 

O Ministério da Justiça lançou uma plataforma que contabiliza o número de policiais assassinados no País, o Sinesp Validador de Dados Estatísticos, que entrou no ar em maio de 2023, atendendo a uma resolução de 2021 do Conselho Gestor do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública. Esse mapeamento mostrou que o número de policiais assassinados caiu 18% entre o relatório de 2021 e o de 2024, com dados, respectivamente, de 2020 e 2023.

 

Com base nesses números e utilizando dados de 14 outros países, o Instituto Monte Castelo aponta que o Brasil é o quarto País onde há mais mortes de agentes de segurança, ficando atrás apenas do México, em primeiro; Índia, em segundo; e Colômbia, em terceiro.

 

Segundo o Instituto, em 2023, houve 141 mortes de policiais por cada 1 milhão de habitantes, com média de 0,69, no Brasil. No México, essa média é de 3,10, e na Colômbia (dados de 2021), 2,87. 

 

Dados de 2023-Brasil

 

No ano passado, no Brasil, mais uma vez, o Rio de Janeiro ocupou o primeiro lugar no número de policiais assassinados: foram 34 policiais militares e dois policiais civis. O Estado registrou aumento de 9,7% em comparação com 2022, quando 31 policiais foram mortos em municípios fluminenses. Em seguida, estão São Paulo (25 policiais assassinados), Pará (16), Pernambuco (12), Bahia (9) e Ceará (9).

 

Um dado se torna preocupante quando se leva em conta o número de mortes em relação ao tamanho do efetivo policial, em 2023, e o Pará aparece no topo da lista. Para cada 1.000 policiais civis e militares da ativa no Estado, 0,8 foram assassinados em 2023. Outros Estados seguem o Pará, como Rio de Janeiro (0,71), Pernambuco (0,57), Amazonas (0,51) e Ceará (0,38) também estão entre os cinco Estados com maior índice.

 

Oito unidades da federação não registraram mortes de policiais civis ou militares em 2023: Acre, Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins.

 

A equipe do Instituto Monte Castelo utilizou a Lei de Acesso à Informação para solicitar o número de policiais civis, militares, federais e rodoviários federais assassinados, durante o ano de 2023. Os pedidos foram direcionados a cada uma das 27 unidades da federação, além dos comandos das polícias sob gestão federal. Na solicitação, os crimes passionais - como disputas conjugais ou envolvendo acidentes de trânsito - são desconsiderados.

 

Quando o Estado se recusa a fornecer os dados, o Instituto usa os dados do Sinesp, que são checados com dados publicados no noticiário da imprensa.

 

Nota do redator

 

Como de hábito, a Secretaria de Segurança do Pará não atende aos pedidos de esclarecimentos formulados pela Coluna Olavo Dutra, sugerindo, de uma vez só, ou que desqualifica as informações produzidas pelo Instituto Fogo Cruzado, ou a coluna, o que é mais provável. O espaço segue aberto.   

 

Sete tiroteios na região
metropolitana em 24
horas deixam 406
mortos e 122 feridos

 

Veja como e quando o fato ocorreu do dia 29 ao dia 30 de outubro, totalizando 542 tiroteios em 2024:

 

Marambaia - Um homem não identificado foi ferido por um disparo acidental na perna durante uma tentativa de assalto na noite da terça (29), na rua da Marinha, bairro Marambaia.

 

Águas Lindas - Um adolescente de 17 anos foi morto a tiros na noite da terça (29), na rua Governador José Malcher, bairro Águas Lindas. A vítima foi arrastada de dentro da sua residência e executada com as mãos amarradas.

 

Parque Verde - Danillo Ferreira Cruz, 34, foi morto a tiros na noite da terça (29) dentro de uma residência no Conjunto Sevilha, bairro Parque Verde, em Belém.

 

Jurunas - Denilson Vago de Alfaia foi morto a tiros na noite da terça (29) dentro de uma barbearia na Passagem Monte Alegre, bairro Jurunas. A vítima aguardava para cortar o cabelo quando um homem entrou e o alvejou.

 

Barcarena - Vitor Teixeira foi morto a tiros dentro de sua residência durante ação policial do 14° BPM, ocorrida na avenida Cônego Batista Campos, na tarde desta terça-feira (29), em Vila dos Cabanos.

 

Pedreira - Ruan Felipe Marques foi morto a tiros em um ataque armado sob rodas, no final da tarde desta quarta-feira (30). A vítima estava sentada na Praça Edson de Souza Chaves quando foi alvejada.

 

Marco - Um homem identificado como César foi morto a tiros, no início da noite de quarta-feira (30), dentro de uma loja de materiais de construção na travessa da Estrella, em Belém.

 

Papo Reto

 

· Corre nos bastidores que o governador Helder Barbalho (foto) planeja fazer mudanças na direção do Iasep na virada do ano.

 

· O diretor de Fiscalização do Detran, Bento Gouveia, deixa claro que o órgão não executa videomonitoramento na Grande Belém.

 

· Todos os radares, inclusive aqueles dotados de inteligência artificial, capazes de identificar e multar veículos circulando com licenciamento atrasado, pertencem ou à Prefeitura de Belém ou à de Ananindeua.

 

· Ainda segundo o diretor, com essas novas "máquinas de multa", o volume de infrações cresceu em escala geométrica, uma vez que cerca de 30% da frota paraense em uso encontra-se com licenciamento anual "pendurado" por um ou mais anos no Detran.

 

· Chegou a 3,2% no mês, segundo o Banco Central, a inadimplência das famílias brasileiras. Também pudera: os juros do cartão de crédito rotativo subiram para 438,4% ao ano.

 

· Enquanto isso, IGP-M subiu 1,52% em outubro, diz a fundação Getúlio Vargas, 0,62% inflada em relação a setembro.

 

· Na ponta, ou seja, nas gôndolas dos supermercados, no entanto, ninguém duvida de que a explosão dos preços está bem acima do índice "medido" pelo governo.


· A produtividade da cana desabou no centro-sul do País em razão da estiagem prolongada, obrigando usinas antecipam a colheita e prever aumento de preço para o açúcar.

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