O advogado geral da União, Jorge
Messias, afirmou nesta quarta-feira (18) que a devolução dos descontos
indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) deverá ser realizada em parcela única, sem grupo prioritário, até o fim
deste ano. Mais de 3,2 milhões contestaram os descontos feitos por
entidades associativas.
Na semana passada, a AGU pediu ao
Supremo Tribunal Federal (STF) autorização
para que o governo federal abra crédito extraordinário no
orçamento para viabilizar o ressarcimento dos descontos irregulares. Na
ação, que está sendo relatada pelo ministro Dias Toffoli, a defesa da
União pede que os valores a serem usados na devolução não entrem nas regras de
limite de gastos para os anos de 2025 e 2026.
"A partir do momento que
conseguirmos um pronunciamento final do STF, nós teremos condições de
apresentar, pelo INSS, um calendário de pagamento. E a ideia é que, de fato,
esse pagamento ocorra ainda este ano, em parcela única, de forma muito simplificada,
aos aposentados e pensionistas", afirmou Messias em live transmitida nas
redes sociais para atualizar as medidas em andamento.
O ministro Dias Toffoli, do STF,
convocou uma audiência de conciliação sobre o caso dos descontos indevidos na
próxima terça-feira (24). Serão intimados a União, o INSS, a Defensoria Pública
da União e o Ministério Público Federal. Toffoli já atendeu um dos pedidos da
AGU, que congela o
prazo de prescrição para contestar os descontos, entre março de
2020 a março de 2025.
O presidente do INSS, Gilberto
Waller Júnior, que também participou da live ao lado de Jorge Messias,
enfatizou que os aposentados e pensionistas terão tempo de se informar e
contestar os eventuais descontos.
"Hoje [18], que a gente tem
pouco mais de 30 dias funcionando o processo de contestação, chegamos a 3,2
milhões de contestações, muito próximo dos 4,1 milhões projetados pela
Polícia Federal e Controladoria Geral da União. Esse número pode subir, pode
aumentar, porque a gente vem monitorando o público que está acessando e
criando soluções para quem não foi alcançado por essas plataformas",
observou.
"Nenhum processo de
reparação de danos de ressarcimento foi tão rápido para a gente ressarcir
administrativamente esses valores", acrescentou Waller Júnior. O
presidente do INSS fez questão de dizer que a autarquia está ao lado dos
aposentados e pensionistas, que, segundo ele, são responsáveis por manter a
renda de famílias em mais de 60% dos municípios brasileiros.
Pelo balanço do INSS, somente 89
mil aposentados reconheceram os descontos como legítimos. Ao todo, 43
entidades associativas foram contestadas. A maior parte das consultas, 75% dos
casos, foram feitas por meio da plataforma Meu INSS,
pelo celular ou pelo computador. Outros meios de consulta possíveis são o
telefone 135 e as agências dos Correios.
Falecimento e descontos
passados
Durante a live, o presidente do
INSS explicou como as famílias podem contestar descontos indevidos de
aposentados e pensionistas que faleceram ao longo dos últimos cinco anos.
Nesses casos, será necessária uma ação judicial.
"Eu não tenho como abrir
processo de ressarcimento administrativo porque eu não sei quem é o herdeiro, e
não tem como fazer a consulta pelo Meu INSS nem por telefone. Nesse caso,
excepcional, que se abra um processo, demonstre a situação de herdeiro,
consulte o valor e receba", explicou.
Já os descontos de valores
anteriores a março de 2020 não poderão ser recuperados, segundo Waller Júnior,
por causa da prescrição legal do direito de contestação. Ele lembrou que os
primeiros descontos em folha começaram ainda no início dos anos 1990 e seria
"impossível" levantar a documentação associada a esses procedimentos.
Recuperação de recursos
"A conciliação que estamos
propondo, o recebimento pela via administrativa, com a correção [monetária]
devida, é o melhor caminho, o mais fácil, mais seguro e célere. Estamos
garantindo essa antecipação, mas é importante que a sociedade saiba que vamos
atrás de cada centavo desviado. Não vamos aceitar que o contribuinte brasileiro
pague essa conta", apontou Jorge Messias, da AGU.
Até o momento, a Justiça Federal
já determinou o bloqueio de
R$ 119 milhões em bens de empresas e investigados
envolvidos nas fraudes em descontos irregulares nos benefícios.
No mês passado, a AGU pediu
o bloqueio de
R$ 2,5 bilhões contra 12 entidades associativas e 60
dirigentes.
As fraudes são investigadas
na Operação Sem
Desconto, da Polícia Federal, que apura um esquema nacional de
descontos de mensalidades associativas não autorizadas. Estima-se que cerca de
R$ 6,3 bilhões foram descontados de aposentados e pensionistas entre 2019 e
2024.
As ações judiciais fazem parte do
trabalho do grupo especial montado pela AGU para buscar a recuperação do
dinheiro descontado irregularmente dos aposentados.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil