Linguagem

Exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação chega ao Museu Goeldi

Mostra sobre as línguas indígenas do Brasil realizada pelo Museu da Língua Portuguesa terá novidades na passagem por Belém, como peças importantes do acervo do Museu Emílio Goeldi.

04/02/2024 06:34
Exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação chega ao Museu Goeldi

Belém será a primeira cidade brasileira a receber a itinerância de “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”, exposição sobre línguas indígenas do Brasil realizada pelo Museu da Língua Portuguesa, com articulação e patrocínio máster do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet.


A mostra ficará em cartaz no Centro de Exposições Eduardo Galvão no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, de 7 de fevereiro a 28 de julho de 2024, com uma série de novidades em relação à versão original, realizada na sede do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.


A curadoria é da artista indígena e mestre em Direitos Humanos Daiara Tukano, e a co-curadoria é da antropóloga Majoí Gongara. O Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo. 


A exposição 

 

Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação propõe um mergulho na história, memória e realidade atual das línguas dos povos indígenas do Brasil, através de objetos etnográficos, arqueológicos, instalações audiovisuais e obras de arte. A exposição busca mostrar outros pontos de vista sobre os territórios materiais e imateriais, histórias, memórias e identidades desses povos, trazendo à tona suas trajetórias de luta e resistência, assim como os cantos e encantos de suas culturas.


O Museu Goeldi não apenas sediará a exposição, como é correalizador, tendo contribuído com acervo linguístico desde a realização da mostra em São Paulo. Uma das novidades da itinerância em Belém são os objetos das coleções de arqueologia e etnografia salvaguardadas pelo Museu Emílio Goeldi, que concentra acervos de referência sobre a Amazônia de importância mundial.


Entre as peças incorporadas à exposição estão vários botoques - tipo de adorno usado para alargar o lábio inferior; e tembetás - peças de quartzo colocadas sob os lábios. Ambos são objetos que evidenciam habilidades valorizadas entre muitos povos: a oratória e a escuta. Também foi incluído na exposição um raro banco esculpido em quartzo que na cosmovisão tukano está diretamente associado à avó do universo, Yepário.


Pioneirismo


Há um século e meio que o Museu Paraense Emílio Goeldi desenvolve trabalhos de pesquisa, divulgação e preservação dos modos de fazer dos povos indígenas, dentre os mais recentes inclui o projeto Replicando o Passado, em parceria com ceramistas de Icoaraci, distrito de Belém (PA). Produto deste projeto, também será exibida na exposição a réplica de uma urna funerária marajoara, elaborada originalmente por indígenas que habitaram a região amazônica desde aproximadamente o ano 500.


Mergulhando no tema


“Língua é pensamento, língua é espírito, língua é uma forma de ver o mundo e apreciar a vida”. É assim que a curadora Daiara Tukano descreve o ponto de partida de Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação. A imersão começa no próprio nome da mostra, que vem da língua Guarani Mbya: nhe’ẽ significa espírito, sopro, vida, palavra, fala; e porã quer dizer belo, bom. Juntos, os dois vocábulos significam “belas palavras”, “boas palavras” – ou seja, palavras sagradas que dão vida à experiência humana na terra.


Contando com a participação de cerca de 50 profissionais indígenas, a exposição tem co-curadoria da antropóloga Majoí Gongora; consultoria especial de Luciana Storto, linguista especialista no estudo de línguas indígenas; em diálogo com a curadora especial do Museu da Língua Portuguesa, Isa Grinspum Ferraz.


A exposição tem uma lógica circular guiada por um rio de palavras grafadas em diversas línguas indígenas que atravessa todo o espaço expositivo, conectando as salas em um ciclo contínuo. No início da exposição, o visitante se depara com uma floresta de línguas indígenas representando a grande diversidade existente hoje no Brasil. Nessa floresta, o público poderá conhecer a sonoridade de várias delas.

 

Museu da Língua Portuguesa


Localizado na Estação da Luz, no centro de São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa tem como tema o patrimônio imaterial que é a língua portuguesa e faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma manifestação cultural viva, rica, diversa e em constante construção.


O Museu da Língua Portuguesa é um equipamento da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, concebido e implantado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O IDBrasil Cultura, Esporte e Educação é a Organização Social de Cultura responsável pela sua gestão.

 

Museu Emílio Goeldi


Centro pioneiro nos estudos científicos dos sistemas naturais e socioculturais da Amazônia, bem como na divulgação de conhecimento, organização e manutenção de acervos de referência mundial relacionados à região. Estimula a apreciação, apropriação e uso do conhecimento científico sobre a região pela população.


Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Museu Goeldi é um dos mais antigos, maiores e populares museus brasileiros. Foi fundado em 1866 na cidade de Belém, onde está localizado seu Parque Zoobotânico e o Campus de Pesquisa. Mantém ainda no Arquipélago do Marajó (PA) a Estação Científica Ferreira Penna, um laboratório avançado para o estudo do funcionamento da Floresta Amazônica.

 

Iniciativa conjunta

 

A mostra itinerante Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação conta com articulação e patrocínio máster do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet e é correalizada pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.


O projeto tem cooperação da UNESCO no contexto da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) e parceria do Instituto Socioambiental, Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e Museu do Índio da FUNAI. A realização é do Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.


 

SERVIÇO

Exposição itinerante Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação – Belém (PA)

Local: Museu Paraense Emílio Goeldi - Centro de Exposições Eduardo Galvão

Av. Magalhães Barata, 376 - São Braz - Belém (PA)


Período: 7 de fevereiro a 28 de julho de 2024

De quarta a domingo, inclusive feriados


Valor: R$ 3,00 (inteira), R$ 1,50 (meia) e gratuidades garantidas por Lei.


(Foto: Divulgação acervo)

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