Brasília, 09 - O Conselho de Ética da
Câmara aprovou nesta quarta-feira, 9, por 13 votos a cinco, o pedido de
cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). Com a decisão, o plenário
da Casa vai decidir o destino do parlamentar que, além de perder o mandato,
pode ficar inelegível por oito anos. Porém, o processo deve demorar ainda mais,
já que Glauber pretende entrar com recurso na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ).
O Conselho de Ética decidiu nesta quarta que Glauber deve perder o mandato por
quebra do decoro parlamentar por agredir, em abril do ano passado, um militante
do Movimento Brasil Livre (MBL) dentro da Câmara.
Na prática, o Conselho de Ética considerou que o pedido de cassação, que é de
autoria do partido Novo, é procedente. Quem decide se Glauber vai perder ou não
o mandato, além de ficar por oito anos inelegível, é o plenário da Câmara, que
vai deliberar sobre o mérito da denúncia.
Para que o deputado do PSOL seja cassado, é preciso que a maioria absoluta da
Casa vote pela punição, ou seja, 257 deputados. Se o número não for atingido, o
processo será arquivado e Glauber vai permanecer com o mandato. No Regimento
Interno da Câmara, é estipulado um prazo de 90 dias úteis após a aprovação pelo
Conselho para que os parlamentares decidam sobre o destino do alvo do processo.
Porém, o deputado federal pode fazer o processo ser barrado na CCJ e Glauber já
manifestou que irá recorrer. Ele tem até a próxima quarta-feira, 16, para
acionar o colegiado para questionar "atos do Conselho de Ética ou de seus
membros que tenham contrariado norma constitucional ou regimental". A
comissão, por sua vez, tem até cinco dias úteis para dar um parecer sobre o
caso.
A última vez em que um parlamentar foi cassado pelo Plenário foi a ex-deputada
Flordelis (PSD-RJ), em agosto de 2021. Condenada por mandar matar o marido, a
Câmara condenou ela a perder o mandato por 437 votos a favor, sete contrários e
12 abstenções.
Ela teve a cassação aprovada pelo Conselho de Ética por 16 votos favoráveis e
um contrário. Flordelis recorreu da decisão do colegiado na CCJ, mas teve a
ação rejeitada por unanimidade.
No dia 16 de abril de 2024, Glauber expulsou da Câmara o influenciador Gabriel
Costenaro, integrante do MBL, aos chutes. Na ocasião, Costenaro fez insinuações
sobre a ex-prefeita de Nova Friburgo Saudade Braga, que na época estava doente.
Ela faleceu 22 dias após o ocorrido.
Durante a apreciação do relatório nesta quarta, o relator Paulo Magalhães
(PSD-BA) defendeu a cassação de Glauber e afirmou que a agressão do parlamentar
do PSOL foi "totalmente desproporcional" às ofensas feitas pelo
militante do MBL. Magalhães, em 2001, agrediu um jornalista na Câmara em um
episódio semelhante ao do deputado do PSOL.
"A violência física cometida pelo representado em resposta à ofensa verbal
perpetrada por Gabriel Costenaro foi totalmente desproporcional e, portanto,
injustificada, e não há como acatar a tese da legítima defesa", disse.
Glauber disse em diferentes sessões do Conselho de Ética que o relatório foi
"comprado" pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que
exercia o cargo no ano passado. O deputado ainda chamou Lira em diferentes
oportunidades de "bandido". Na sessão desta quarta, aliados do
psolista sugeriram que o ex-presidente e o relator agiam em um conluio.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Câmara dos deputados