Em novo áudio, Nice Tupinambá tropeça na linha que divide o interesse pessoal do público

Candidata à Câmara de Vereadores avisa para quem irá trabalhar, caso eleita, e sugere que a população não é exatamente seu alvo.

Por Olavo Dutra

23/09/2024 08:15

PSM do Guamá é palco de disputa política entre candidatas do Psol e PT à Câmara/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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ique claro desde já aos respeitáveis magistrados das Cortes Eleitoral, Cível e Criminal e a quem interessar possa: não há outra motivação nesta postagem senão o fato jornalístico, o fato político e, sobretudo, o interesse público.

 

A advertência, com todo o respeito, decorre do hábito que a personagem deste enredo cultiva: é useira e vezeira da Justiça para denunciar o que entende ser “calúnia e difamação” sempre que fatos aqui relatados a envolvem em situações, por assim dizer, vexatórias, e que não lhe caem no agrado, embora, sendo figura pública, incorra em inconfidências que a colocam na condição de pessoa que “fala pelos cotovelos” e sem pedir segredo.

 

Destino no nome

 

Trata-se da Sra. Aldenor Júnior, atual companheira do chefe de Gabinete do prefeito Edmilson Rodrigues, jornalista Aldenor Júnior, e que atende pelo nome de Nice Tupinambá, registrada na Justiça Eleitoral, vinculada ao Psol e candidata à Câmara de Vereadores. Em 2022, Nice Tupinambá disputou vaga para a Câmara Federal, mas foi abatida em pleno voo.

 

Maria Graciane Barbosa Gonçalves, a Nice Tupinambá, carrega o destino no nome. Dizem que é “lutadora” e costuma falar o que bem quer, a quem quiser ouvir e sem medir palavras.

 

Língua afiada

 

Para se ter ideia, nem a gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, de quem é aliada - e dada a condição de chefe de Gabinete do companheiro, Aldenor Júnior -, escapa da sua língua. Em episódio recente, que foi parar na Justiça e envolveu blogueiros e jornalistas - processo arquivado pela ausência da reclamante na audiência -, Nice disse “cobras e lagartos” da administração municipal. Nos áudios, que ela jura de pés juntos terem sido forjados, a atual candidata à Câmara foi premonitória, à luz das pesquisas de intenção de voto que atribuem a Edmilson Rodrigues níveis de rejeição jamais vistos, colocam sua gestão no lixo e ameaçam sua reeleição.

 

“Esse governo afundou”

 

Em maio deste ano, dois áudios, supostamente vazados por algum integrante da chamada “Milícia Digital” da Prefeitura de Belém, colocaram em xeque o prefeito e o seu chefe de Gabinete, Aldenor Júnior - ou ambos, dependendo do ponto de vista ou do gosto do freguês.

 

“Esse governo afundou!” -, adverte a mulher do chefe de Gabinete e homem de confiança do prefeito. Do outro lado da linha, o interlocutor ouve a peroração - com cheiro de intriga - quedo e mudo. A advertência sai grave e em um tom irritado, senão autoritário, próprio de quem está habituado a mandar: “Aproveita estes últimos meses pra te organizar na tua vida”.

 

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Agora, outro áudio vaza com falas atribuídas a Nice Tupinambá: uma conversa na qual se dirige a um interlocutor que, pelo contexto, é ligado a pessoas possivelmente vinculadas a uma associação de saúde que deixaram de apoiá-la nesta campanha em favor da “enfermeira Dani”, lotada no Pronto Socorro do Guamá, candidata à Câmara pelo PT. Confira a íntegra do áudio ao qual a Coluna Olavo Dutra teve avesso:

 

“Meu bem, quem fecha pode desfechar, Entendeu? Eu tô falando com ele aqui e falei olha, eu quero uma reunião com vocês pra gente resolver, ele disse que a associação tá dividida, que uma parte já foi lá pra Daniele, que estão só ele e o Marcelo que tão..., ele disse que não ia fechar com ninguém, que ia ficar só com a gestão, o Marcelo... eh, tá em cima do muro.

 

Eu falei: tudo bem Roberto, tudo bem. Só que eu vou te dizer uma coisa, veja só: a Dani não tem 10% da chance que eu tenho de me eleger. Ela não é candidata prioritária do PT, ela não é do grupo do Beto, ela não é prioridade do Beto, as cadeiras que o PT vai eleger tem gente de sobra muito maior e muito mais voto com dinheiro pra ganhar essa eleição. Então vocês trocarem o certo pelo duvidoso?

 

Vou te dizer uma coisa: Eu não vou, eu eleita, eu não vou trabalhar, eu não vou atuar por aqueles que me traíram e por aqueles que tão me abandonando na hora, porque quem ralou, quem batalhou junto com vocês esses quatro anos aí (no pronto socorro) fui eu. Daniele chegou agora pra sentar na cadeira... Vocês é que sabem da escolha que vocês vão fazer. Agora eu te garanto, vou legislar e vou atuar pra quem tiver comigo desde agora, está entendendo? E façam as pesquisas de vocês, as análises de vocês, as conversas de vocês. Vocês vão ver se é Dani ou se é Nice. Se tem uma coisa que eu tenho certeza é que ela não vai ser eleita”, diz o áudio.

 

Resumo da ópera

 

Nice Tupinambá tem interesses definidos, caso eleita, e admite, talvez sem querer, sua ingerência - sempre negada - na administração do Pronto Socorro do Guamá, por sua vez, na gestão municipal que, como preconizou em maio, está “acabada’, mesmo com seu operoso adjutório.  

 

Papo Reto

 

· O eleitor de Bragança, que sempre teve aversão a envolvimento de assuntos partidários com a ação da Igreja Católica na cidade, questiona de onde partiu o convite para a participação do candidato Mário Júnior (foto) na festividade da Paróquia do Perpétuo Socorro.

 

· Questionam se o convite foi dos Padres Barnabitas, que dirigem a Paróquia, ou de Dom Possidônio, bispo da Diocese de Bragança.

 

· O fato de ter sido diretor técnico do Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria por 25 anos não autoriza a intromissão, mas tudo pode acontecer em Bragança.

 

· Aliás, em meados de outubro, Dom Possidônio completa 100 dias no comando da Diocese de Bragança

 

· Bragança sempre esteve no radar da política regional, tanto pela importância quanto por alguns de seus representantes, como Augusto Corrêa e Lobão da Silveira, este, senador da República, inclusive. 

 

·  Vai daí que a população bragantina passou a exigir a realização de debates entre os três candidatos a prefeito, como forma de melhor esclarecer os programas de cada um.

 

· A repetidora do SBT da cidade tomou a dianteira e partiu para a ação, estruturando uma rede de emissoras de rádio e blogs de internet para debate, previsto para o dia 30.

 

· Os representantes dos candidatos assinaram o protocolo das regras do evento, com uma ressalva: no caso de um candidato faltar, o evento será cancelado. 

 

· Detalhe: o candidato do MDB, Mário Júnior, mandou avisar que não poderá comparecer por ‘conflito de agenda’. Fugiu?

 

· Mário Júnior sempre pareceu que levaria a eleição na base do Wx0, na esperança de que não haveria competidores.


· Agora, sonho devidamente enterrado, toma esta decisão.  De qualquer maneira, os organizadores pretendem converter o que seria debate em entrevistas com os outros postulantes ao cargo, o ex-prefeito Edson Oliveira e Paulo Quadros.

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