Sidney e São Paulo - O bilionário Elon Musk criticou uma ordem das autoridades australianas para remover um vídeo do esfaqueamento de um líder religioso das redes sociais, argumentando que isso estabelece um precedente perigoso que permite efetivamente que um país controle toda a internet. A disputa intensificou-se nos últimos dias, depois que comissário de segurança online da Austrália - o funcionário responsável pelo monitoramento de conteúdos nocivos nas redes sociais - levou o X (antigo Twitter) à Justiça por não ter feito o suficiente para remover o conteúdo, apesar de ter recebido uma notificação formal para o retirar.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, também opinou, argumentando que Musk está lutando pelo direito de exibir vídeos violentos em sua plataforma. "Esse cara está mostrando sua arrogância", disse Albanese. "Ele é um bilionário lá nos Estados Unidos que pensa que está acima da lei australiana."
O incidente começou na noite de 15 de abril, quando o bispo Mar Mari Emmanuel, da Igreja Cristo Bom Pastor, falava em um púlpito durante uma transmissão ao vivo. Um vídeo que circulou online mostrou uma pessoa com um moletom preto caminhando até o bispo e parecendo esfaquear Emmanuel várias vezes, inclusive no rosto. O bispo caiu no chão enquanto os fiéis corriam em seu auxílio.
Desde então, as autoridades acusaram um menino de 16 anos pela agressão e consideraram o incidente um ataque terrorista.
Na noite de segunda-feira, um juiz australiano emitiu uma liminar obrigando X a ocultar o vídeo. No X, Musk disse que a plataforma censurou o conteúdo para usuários australianos e que o conteúdo é armazenado apenas em servidores nos EUA. Ele disse que está preocupado de que um país tenha permissão para censurar conteúdo para todos os países, o que ele disse ser o que os australianos as autoridades procuram, então qualquer país poderia controlar toda a internet.
Bilionário também está envolvido em polêmicas em relação ao Brasil
Há pelo menos duas semanas, Musk tem instigado também uma campanha contra instituições brasileiras, principalmente em desfavor do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes. O empresário afirmou que Moraes é "contra a democracia" e acusou o ministro de autoritarismo e de praticar censura no País.
O ministro deu cinco dias para a rede social se manifestar sobre um relatório da Polícia Federal (PF) que aponta que o X permitiu a transmissão de lives por seis perfis bloqueados por decisão judicial.
O prazo vence nesta sexta, 26. No conflito entre Musk e a Justiça brasileira, o empresário ameaçou não cumprir decisões judiciais, e, como resposta, Moraes o incluiu no inquérito das milícias digitais.