lista de obras e investimentos relacionados aos preparativos para COP30, em Belém, daqui a um ano, mostra dados curiosos. Do total de cerca de 50 intervenções previstas, apenas duas estão em fase de conclusão - Mercado de São Brás, que tem inauguração prevista para dezembro agora, e a Macrodrenagem da Estrada Nova. Cinco obras aparecem na lista com a informação “assinatura de contrato concluída”.
A lista foi divulgada em grupos de
WhatsApp por iniciativa de um conhecido profissional da área médica em Belém,
seguramente um protagonista secundário no cenário que cerca o evento da ONU.
Como parece ter sido distribuída sem maiores informações complementares,
inclusive confundindo a comunidade que não acompanha o movimento, a Coluna
Olavo Dutra acrescenta dados à informação. Afinal, a empreitada
representa investimentos de algo em torno de R$ 8 bilhões em Belém - alguns
valores não são informados claramente, como o da construção do Terminal
Hidroviário Internacional, para receber transatlânticos, e a construção do
Hotel Maiorana Tívoli -, e obras que prometem mudar a paisagem da cidade nos
próximos 12 meses.
Também chamam atenção obras que ainda
nem iniciaram e outras que estão paralisadas, entre elas a reforma do Aeroporto
Internacional de Belém, a reconstrução da Estação das Docas, a
construção da rua da Marinha, que inclusive está suspensa pela Justiça e a
construção da avenida Liberdade, recentemente interditada pela população.
Servidores do Itamaraty
se queixam da falta de
verba para responder ao
evento dentro das regras
Faltando um ano para Belém receber a
Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, voltam a circular
informações - se é que deixaram de circular um dia - sobre a capacidade de o
País realizar o evento seguindo todos os padrões internacionais - o Brasil,
fique claro desde já, não Belém, necessariamente. Nesse jogo de informações, o
próprio governador Helder Barbalho tem se encarregado de combater.
Os servidores do Itamaraty, por
exemplo, temem a sobrecarga do trabalho devido a deficiências estruturais e
orçamentárias no Ministério das Relações Exteriores. De acordo com o Portal da
Transparência, o Ministério conta com um dos menores orçamentos entre os demais
no governo Lula. Foram R$ 4,5 bilhões destinados em 2024, representando cerca
de 0,09% dos gastos públicos totais no ano. Coincidentemente, o Ministério do
Meio Ambiente e Mudança do Clima é uma das poucas pastas com orçamento
inferior, recebendo R$ 3,6 bilhões. A restrição orçamentária afeta diretamente
a capacidade de trabalho, alertam representantes do Sindicato Nacional dos
Servidores do Ministério das Relações Exteriores.
Escassez crítica
Segundo o sindicato, o ministério
enfrenta uma escassez crítica de recursos humanos e materiais, o que limita o
suporte necessário para eventos internacionais de grande porte. Ivana Vilela,
presidente do sindicato e Oficial de Chancelaria do Itamaraty, afirma que os
servidores frequentemente utilizam seus próprios equipamentos em missões
internacionais, uma “realidade inaceitável”. “Estamos lidando com um orçamento
que mal sustenta o dia a dia, quanto mais um evento global desse porte.
Computadores defasados e sistemas antigos. Os servidores precisam investir do
próprio bolso para garantir que possam realizar suas atividades”, lamenta.
Pessoal insuficiente
Ivana também expressa preocupação com
o contingente de pessoal necessário para a COP30. Dados do próprio Itamaraty
revelam que o ministério dispõe de 3.093 servidores (1.552 diplomatas, 812
oficiais de chancelaria, 439 assistentes de chancelaria e 290 concursados de
outras carreiras), um número que, segundo Ivana, corresponde a um terço do
ideal. “Esse é um trabalho extraordinário realizado por um quadro muito abaixo
do necessário, com servidores executando a função de três pessoas. Estamos
sobrecarregados e fazendo hora extras sem remuneração, o que tem levado muitos
servidores à estafa total”, afirma. Entre os países referência em diplomacia, a
França tem 17 mil funcionários nas Relações Exteriores, número cinco vezes
maior que o do Brasil.
As condições atuais indicam que o
Itamaraty pode ter dificuldades para coordenar um evento desse porte com os
padrões exigidos. “Todos os eventos internacionais que acontecem no Brasil, que
incluem a presença de chefes de Estado, ficam a cargo do Itamaraty. Isso exige
uma infraestrutura robusta e recursos humanos adequados”, alerta Ivana.
“Longe do ideal”
Para que a COP30 seja um marco de liderança climática e sucesso internacional, especialistas destacam que é essencial que o governo federal atenda às demandas dos servidores do Itamaraty, promovendo investimentos estruturais e assegurando condições de trabalho sustentáveis para 2025. “Existem muitos pontos relevantes para discutirmos em meio à COP, onde todos falam sobre sustentabilidade. No entanto, a sustentabilidade da força de trabalho no Itamaraty parece estar longe do ideal”, completou a sindicalista (Com informações da Assessoria de Imprensa da NCST).
Papo Reto
· O que se diz é que o deputado
federal José Priante (foto) não anda nada satisfeito com a
Secretaria das Cidades e Integração Regional, sob o comando de Fernanda Paes,
sua afilhada política.
· Os prazos para entrega dos
projetos de saneamento nos municípios estão expirando dia 5 agora e, no caso do
Pará, deverá haver perdas de recursos destinados via emendas parlamentares,
inclusive dele.
· No português claro, a
Secretaria não está dando conta do recado: além da inoperância, pesa contra a
gestão a suposta atuação de um assessor que costuma ter “muita conversa” com
prefeitos que procuram recursos.
· Alguns desses prefeitos, para
azar do assessor, integram a base política de Priante e “dão a parada”. Para
sorte, “proteção” do assessor está na Câmara de Belém.
· As duas maiores fazendas de
camarão de Curuçá, que, diga-se de passagem, é uma reserva
extrativista, há anos utilizam livremente água do mar e a devolvem à
natureza sem o menor tratamento, tudo nas barbas do Ibama e ICMBio, “os
implacáveis” na fiscalização aos pequeninos.
· Em defesa da autonomia
estadual, governadores do sul e sudeste metem o sarrafo na PEC da Segurança,
considerando-a “inoportuna e centralizadora”.
· Órgãos ambientais proibiram,
sumariamente, o cultivo do peixe panga no País, mesmo adotando métodos seguros
de criação e controle sanitário.
· Curioso é
o fato de o Brasil seguir importando toneladas e mais toneladas de panga do
Vietnã, onde os peixes são criados até em valas, comendo porcaria.