Deputados travam disputa nos bastidores pelo controle do Hospital Ofir Loyola, em Belém

Instituição é cobiçada pelos deputados estaduais Erick Monteiro, do PSDB, e Thiago Araújo, do Republicanos, ambos apoiadores do governo Helder Barbalho.

03/02/2025, 08:00
Deputados travam disputa nos bastidores pelo controle do Hospital Ofir Loyola, em Belém
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om a volta dos trabalhos na Assembleia Legislativa, também tem início, da parte dos parlamentares ligados ao governo, a cobrança política de apoios cedidos aos candidatos do MDB nas últimas eleições a prefeito no Estado, que resultaram em 83 prefeituras para o partido do governador Helder Barbalho. Entre os deputados com base na Região Metropolitana de Belém, os casos mais emblemáticos envolvem os deputados Erick Monteiro, do PSDB, e Thiago Araújo, do Republicanos.

Ex-diretora do hospital e atual secretária de Saúde, Ivete Braz faz restrições à proposta de Erick Monteiro de receber a unidade de “porteira fechada”/Fotos: Divulgação.
Os dois são considerados apoios de peso nas urnas que favoreceram Igor Normando, eleito prefeito de Belém. Ao primeiro, o crédito se deve ao rompimento político com o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, do PSB, adversário declarado do governador Helder Barbalho para as eleições ao governo do Pará em 2026. O segundo por ter sido um concorrente de Igor Normando com mais de 7% dos votos válidos, número muito próximo ao do então prefeito Edmilson Rodrigues, que concorreu à reeleição e não obteve nem 10% da preferência do eleitorado.

Bola e artilheiros

Comenta-se nos bastidores que o governador teria prometido aos dois o comando de alguma instituição de saúde, sendo mais desejadas por ambos a gestão do Hospital Ofir Loyola e a do Hospital de Clínicas Gaspar Viana, este, pleiteado insistentemente pelo deputado Erick Monteiro, mas negado logo após as eleições do ano passado por intervenção da Secretaria de Saúde, na pessoa da secretária Ivete Vaz, nome da confiança do governador e de boa parte da família.

Ivete, aliás, já foi diretora das duas instituições durante os mandatos do governador, antes de ser alçada à condição de titular da saúde estadual. Com todo esse poder, a secretária se move nos bastidores para impedir que o governo dê a um dos dois parlamentares espaço no que sobrou de bom: o Ofir Loyola.

Promessa e impasse

Mas, eis o impasse: para Thiago Araújo, o cenário seria mais fácil, já que existe a possibilidade de ele indicar alguns nomes para a instituição. O deputado Erick Monteiro, por sua vez, teria exigido o comando do hospital no formato popularmente conhecido como “porteira fechada”. 

Ocorre que essa condição bate frontalmente com a posição da secretária de Saúde, Ivete Gadelha, e também da deputada Elcione Barbalho, m]ao do governador, figuras que estariam dificultando a mexida no comando da instituição, no momento ocupado pelo médico Jair Francisco de Santana Graim, atual diretor-geral, que substituiu há dois meses o também médico Jaques Neves, que é ex-deputado estadual e filiado ao União Brasil, partido que também teve forte atuação no apoio ao MDB nas eleições.

“Forças ocultas”

Nesses mesmos bastidores corre por “a +s b” que foram essas mesmas forças na saúde que afastaram o ex-diretor, mais conhecido como Dr. Jaques, que é um político também de base evangélica. “Dr. Jaques é uma pessoa muito correta e se deparou com um esquema de licitações que deveria - deveria mesmo - ser investigado, e por isso houve tanta resistência contra a gestão dele”, garante a fonte sobre a exoneração do Dr. Jaques, em 29 de novembro passado. Seu substituto, Jair Graim, também goza da confiança de parte da cúpula do MDB que opina politicamente na saúde estadual.

Cão de guarda

Por outro lado, outra fonte avalia que, ao se posicionar contra a “porteira fechada”, a secretária Ivete Vaz apenas desempenhou seu papel técnico pela saúde pública. “Há coisas e situações que são inegociáveis, e nesse caso a doutora (secretária Ivete Vaz) foi contundente ao reafirmar a importância da unidade para a sociedade”, informou um servidor da Secretaria, afirmando ainda que o parlamentar pode até vir a comandar o hospital, mas sob total supervisão e condução direta de Ivete Braz.

Papo Reto

·O Hospital Saúde da Mulher rejeitou um paciente, ontem, lavado por uma guarnição dos Bombeiros, alegando falta de leito.

·Em Bragança, nordeste do Pará, o governo do Estado mudou o nome da escola estadual na Vila de Bacuriteua, polo pesqueiro da região.

·Antes, a escola tinha o nome da saudosa Maria de Nazaré César Pinheiro, que por décadas prestou relevantes serviços à educação do município. Agora, chama-se André Dias (foto), ex-deputado falecido. 

·Por que será que todos os conteúdos da página oficial da Seduc foram sumariamente removidos ou deletados?

·Atualmente, nem consultas à diretoria de Ensino ou mesmo às escolas é possível, imagine-se aos contratos.

·O crime de lavagem de dinheiro, muito em voga atualmente, praticado geralmente com uso de empresas de fachada, necessariamente exige que os criminosos passem pelo registro das empresas nas Juntas Comerciais.

·Nessa hora, colocam "laranjas" de todo o tipo. A pergunta é: não seria o caso de ser exigida a declaração de renda do interessado e negar o registro quando não houver compatibilidade financeira?

·Ruralistas entram no modo "barbas de molho" depois que líderes do MST garantiram ter obtido sinal verde de Lula para avançar com a pauta da reforma agrária.

·O presidente, dizem, comprometeu-se inclusive visitar, em fevereiro, assentamentos do movimento em Minas e Pernambuco.

·Acredite, desde de agosto de 2024, 10% dos peritos do INSS encontram-se em greve. Na última quinta-feira, porém, o Superior Tribunal de Justiça manteve o corte do ponto desses profissionais. 

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