Com tantas pesquisas eleitorais e resultados diferentes, eleitores entram no “modo parafuso”

Para o público, é difícil entender porque muitos levantamentos sobre o mesmo tema podem apresentar resultados tão divergentes.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

29/09/2024 12:30
Com tantas pesquisas eleitorais e resultados diferentes, eleitores entram no “modo parafuso”
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esquisas de opinião e eleitorais são ferramentas fundamentais para entender a dinâmica social e política em um determinado momento. Elas capturam as percepções, preferências e comportamentos da população em relação a diversos temas, incluindo candidatos, partidos e políticas públicas. O que é mais difícil para o público é entender porque muitas pesquisas sobre o mesmo tema - e no caso de eleições, sobre os mesmos candidatos - costumam apresentar resultados, muitas vezes, tão divergentes.


Escoamento dos votos do prefeito de Belém vai para o candidato do MDB porque a população vê em Helder a figura do “prefeito da cidade”, diz pesquisador/Fotos: Divulgação.

 O pesquisador Reynaldo Gouvêa atua há quase 30 anos no ramo de pesquisas, à frente da Simetria Pesquisas de Opinião. Por opção, ele prefere fazer pesquisas de mercado e, nas eleições, apenas pesquisas internas, sob encomenda de candidatos e partidos, que não são pesquisas para serem publicadas, mas para orientar as estratégias de quem as encomendou.

 

Gouvêa explica que as discrepâncias de resultados entre pesquisas podem ocorrer por diversos fatores, como por exemplo, o recorte temporal em que são realizadas, fundamental para o entendimento dos resultados, pois as respostas podem ser influenciadas por uma variedade de fatores, como eventos recentes e até mesmo mudanças na conjuntura econômica.

 

Campanhas eleitorais

 

No caso das pesquisas realizadas durante as curtas campanhas eleitorais, Gouvêa aponta que as conjunturas, como os apoios que os candidatos recebem no andamento de uma campanha, podem mudar o cenário, assim como crises, debates e até escândalos que possam surgir.

 

“É muito importante considerar que as pesquisas refletem o estado de espírito da população naquele momento específico. Por exemplo: uma pesquisa realizada logo após um debate eleitoral pode mostrar um aumento na aprovação de um candidato que se destacou, enquanto outra pesquisa feita em um momento de crise pode revelar uma queda significativa na popularidade de um político ou partido”, diz ele.

 

Muitas variáveis

 

Outro ponto de extrema importância - e que pode causar as maiores variações entre os resultados de pesquisas - são as diversas metodologias utilizadas nas pesquisas. Ou seja, fatores como a amostragem, o tamanho da amostra e a formulação das perguntas também podem influenciar nos resultados. E, mesmo usando a mesma metodologia, pesquisas que procuram captar a opinião pública em tempo real podem apresentar resultados diferentes de pesquisas realizadas com um planejamento mais longo, e que consideram tendências históricas.

 

“Portanto, é muito importante interpretar os resultados de uma pesquisa com muita cautela, considerando o contexto em que foram realizadas e as possíveis implicações para o futuro político de uma cidade, um Estado ou um país. É preciso ser muito responsável com pesquisas e suas metodologias”, alerta.

 

Metodologias e resultados

 

Gouvêa reforça o papel das metodologias usadas na pesquisa de opinião eleitoral, que desempenham um papel determinante na qualidade e na precisão dos resultados obtidos. Diferentes abordagens podem influenciar os resultados de várias maneiras. Portanto, pesquisas em que há variações nos métodos de coleta de dados, na amostragem e seu tamanho, na forma como essa amostra é selecionada - aleatória, estratificada, por conveniência - podem afetar a representatividade. E amostras mal selecionadas ou não representativas podem levar a resultados, digamos, enviesados.

 

Dentro da metodologia, ele chama a atenção para o cuidado na formulação das perguntas, já que a maneira como são formuladas pode influenciar as respostas. Nossas pesquisas, por exemplo, são todas monitoradas, para minimizar o risco de que o entrevistador, ainda que sem querer, distorça o que está sendo perguntado, porque perguntas tendenciosas ou mal estruturadas podem levar a interpretações erradas”, alerta.

 

Outro ponto que é sempre alvo de questionamento em pesquisas é a forma de coleta das entrevistas:  pessoais, por telefone e até online, como já ocorre hoje. “O método online oferece um alcance mais amplo e um custo reduzido, mas pode ser tendencioso se não houver uma amostra representativa da população, e pode levar também a erros de localização de quem está respondendo”, alerta Gouvêa.

 

Resultados para Belém

 

Reynaldo Gouvêa tem acompanhado, e comparado quinzenalmente, as pesquisas já registradas e publicadas pelos principais institutos: Futura, Atlas, Doxa, Datailha, Quaest, Paraná, Acertar, RTBD, Iveiga e Doxa. No caso de Belém, como o gráfico comparativo de pesquisas aponta (veja acima), houve um afunilamento que indica uma tendência de crescimento do candidato Igor Normando, do MDB, que no início do pleito era um mero desconhecido da grande massa, mas que tem o apoio do governador do Pará e hoje esse apoio se reflete em número.

 

No mesmo gráfico, a posição do delegado Éder Mauro, do PL, que desde as primeiras pesquisas aparecia como um nome possivelmente no segundo turno, indica ter atingido seu ápice de votos, devido a um índice alto de rejeição já existente, mas manteve a segunda posição, apesar do meteórico crescimento de Normando.

 

Já o prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, que chegou a pontuar em empate técnico com Éder Mauro e depois com Normando - quando este começou sua ascensão -, tem figurado na terceira posição desde o final de agosto e por todo o mês de setembro. Na quarta posição, no gráfico comparativo de Gouvêa, oscilam os candidatos Thiago Araújo e Jefferson Lima, em empate técnico pelas médias das margens de erros.

 

Resultado estranho

 

Outra fonte da Coluna Olavo Dutra que acompanha os resultados das pesquisas nos bastidores concorda que, de fato, o candidato do governador disparou nas últimas pesquisas, mas atribui isso a dois fatores: a situação confortável que Helder Barbalho tem hoje de aprovação em Belém, e o uso da máquina estatal.

 

Porém, a fonte estranha que a última pesquisa do Instituto Quaest, publicada no último dia 21, tenha trazido uma robusta vantagem de Igor Normando, exibindo 42% de intenções de voto no cenário estimulado, mudança significativa em relação a ele mesmo, que nas pesquisas anteriores figurava em torno de 21%. “O mais estranho nessa pesquisa é que todos os candidatos caíram, e todos, das mais diferentes correntes ideológicas, perderam voto para Normando. Ele foi o único que cresceu”, aponta a fonte.

Outro ponto esquisito, segundo essa fonte, é que naquela pesquisa, faltando duas semanas para as eleições e na reta final da campanha de rádio e TV, quando a população costuma definir seu voto, os indecisos cresceram. “Estranhamente, o primo do governador cresceu apenas tomando votos de outros candidatos, já que os indecisos passaram de 6% para 8%. Ou seja, por aquela pesquisa, só cresceram o candidato do governador e os indecisos”, avalia.

 

Criador e criatura

 

A fonte diz ainda que, naquele mesmo cenário, a 14 dias da eleição, outro levantamento da JC Pesquisas, divulgado no mesmo dia da Quaest, apontou o candidato Thiago Araújo na terceira posição, com 14,1% das intenções de voto, ultrapassando inclusive o atual prefeito Edmilson Rodrigues.

 

“E nesse ponto, é uma análise importante a ser feita. De um lado, a queda ainda mais abrupta do atual prefeito pela altíssima rejeição, caindo para a quarta posição, e possivelmente perdendo votos não para Thiago, mas para o candidato do próprio governador”, afirma.

 

Para a fonte, isso ocorre porque Edmilson permitiu que a população enxergasse o governador como o verdadeiro prefeito de Belém. “Por muito tempo, Helder vestiu seus servidores de azul, a cor do seu partido, colocando nas ruas para executar serviços básicos de limpeza e capinação, que deveriam ser feitos pela prefeitura, e como isso não ocorria, Helder aparecia como o verdadeiro prefeito da cidade, fazendo do básico até a trazer megaeventos como a COP30, na qual a população deposita a esperança de que sobre o legado para a cidade”, conclui a fonte.

 

Papo Reto

 

·Os bastidores da UFPA murmuram, em Belém: tem gente escolhida para a nova gestão que não está se ‘verbicando’ como deveria. Há algo no ar que não é avião de carreira.

 

· Do candidato a vice na chapa do PP em Bragança, advogado Rivaldo Miranda (foto): “O garoto prodígio gosta de lorota, parece seu parceiro ‘mentiroso honesto’.

 

· “Divulga pesquisa com apenas 400 eleitores (...) e pesquisadores vestidos de azul dizendo que o outro não é candidato. Assim é piada...”

 

· A rodovia Transmarajó, a PA-368, com 148 quilômetros de extensão, ligando a cidade de Portel à BR 422, em Cametá, está sendo pavimentada.

 

· A obra promete tirar moradores da região de um do isolamento secular, devendo atender produtores de grãos, madeireiros e fazendeiros, que dependiam dos rios para movimentar cargas.

 

· Partidos políticos utilizam as imensas cifras que recebem do governo para bancar custos das campanhas. Milhares de pessoas são contratadas à base de R$ 300 por semana para expedientes de quatro horas de 'bandeiradas'.

 

· Embrapa e Fiepa estão fechando parcerias para verticalizar a produção do campo e do extrativismo, preservando a natureza e aplicando novas tecnologias em sistemas agroflorestais.

 

· Chefe-geral da Embrapa, Walkymário Lemos, é o adjunto de transferência tecnológica participaram de concorrida reunião na sede da entidade, tendo à frente o presidente, Alex Carvalho

 

· Um paraense deverá ser nomeado pelo Papa Francisco para a Diocese de Cametá, com a aposentadoria compulsória do titular. Até a CNBB já sabe, mas, é aguardar e conferir. 

 

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