esquisas de opinião e eleitorais são ferramentas fundamentais para entender a dinâmica social e política em um determinado momento. Elas capturam as percepções, preferências e comportamentos da população em relação a diversos temas, incluindo candidatos, partidos e políticas públicas. O que é mais difícil para o público é entender porque muitas pesquisas sobre o mesmo tema - e no caso de eleições, sobre os mesmos candidatos - costumam apresentar resultados, muitas vezes, tão divergentes.
O pesquisador Reynaldo Gouvêa atua há quase 30 anos no ramo de pesquisas, à frente da Simetria Pesquisas de Opinião. Por opção, ele prefere fazer pesquisas de mercado e, nas eleições, apenas pesquisas internas, sob encomenda de candidatos e partidos, que não são pesquisas para serem publicadas, mas para orientar as estratégias de quem as encomendou.
Gouvêa
explica que as discrepâncias de resultados entre pesquisas podem ocorrer por
diversos fatores, como por exemplo, o recorte temporal em que são realizadas,
fundamental para o entendimento dos resultados, pois as respostas podem ser
influenciadas por uma variedade de fatores, como eventos recentes e até mesmo
mudanças na conjuntura econômica.
Campanhas eleitorais
No
caso das pesquisas realizadas durante as curtas campanhas eleitorais, Gouvêa
aponta que as conjunturas, como os apoios que os candidatos recebem no
andamento de uma campanha, podem mudar o cenário, assim como crises, debates e
até escândalos que possam surgir.
“É
muito importante considerar que as pesquisas refletem o estado de espírito da
população naquele momento específico. Por exemplo: uma pesquisa realizada logo
após um debate eleitoral pode mostrar um aumento na aprovação de um candidato
que se destacou, enquanto outra pesquisa feita em um momento de crise pode
revelar uma queda significativa na popularidade de um político ou partido”, diz
ele.
Muitas variáveis
Outro
ponto de extrema importância - e que pode causar as maiores variações entre os
resultados de pesquisas - são as diversas metodologias utilizadas nas
pesquisas. Ou seja, fatores como a amostragem, o tamanho da amostra e a
formulação das perguntas também podem influenciar nos resultados. E, mesmo
usando a mesma metodologia, pesquisas que procuram captar a opinião pública em
tempo real podem apresentar resultados diferentes de pesquisas realizadas com
um planejamento mais longo, e que consideram tendências históricas.
“Portanto,
é muito importante interpretar os resultados de uma pesquisa com muita cautela,
considerando o contexto em que foram realizadas e as possíveis implicações para
o futuro político de uma cidade, um Estado ou um país. É preciso ser muito
responsável com pesquisas e suas metodologias”, alerta.
Metodologias e resultados
Gouvêa
reforça o papel das metodologias usadas na pesquisa de opinião eleitoral, que
desempenham um papel determinante na qualidade e na precisão dos resultados obtidos.
Diferentes abordagens podem influenciar os resultados de várias maneiras.
Portanto, pesquisas em que há variações nos métodos de coleta de dados, na
amostragem e seu tamanho, na forma como essa amostra é selecionada - aleatória,
estratificada, por conveniência - podem afetar a representatividade. E amostras
mal selecionadas ou não representativas podem levar a resultados, digamos,
enviesados.
Dentro
da metodologia, ele chama a atenção para o cuidado na formulação das perguntas,
já que a maneira como são formuladas pode influenciar as respostas. Nossas
pesquisas, por exemplo, são todas monitoradas, para minimizar o risco de que o
entrevistador, ainda que sem querer, distorça o que está sendo perguntado,
porque perguntas tendenciosas ou mal estruturadas podem levar a interpretações
erradas”, alerta.
Outro
ponto que é sempre alvo de questionamento em pesquisas é a forma de coleta das
entrevistas: pessoais, por telefone e até online, como já
ocorre hoje. “O método online oferece um alcance mais amplo e
um custo reduzido, mas pode ser tendencioso se não houver uma amostra
representativa da população, e pode levar também a erros de localização de quem
está respondendo”, alerta Gouvêa.
Resultados para Belém
Reynaldo
Gouvêa tem acompanhado, e comparado quinzenalmente, as pesquisas já registradas
e publicadas pelos principais institutos: Futura, Atlas, Doxa, Datailha,
Quaest, Paraná, Acertar, RTBD, Iveiga e Doxa. No caso de Belém, como o gráfico
comparativo de pesquisas aponta (veja acima), houve um afunilamento
que indica uma tendência de crescimento do candidato Igor Normando, do MDB, que
no início do pleito era um mero desconhecido da grande massa, mas que tem o
apoio do governador do Pará e hoje esse apoio se reflete em número.
No
mesmo gráfico, a posição do delegado Éder Mauro, do PL, que desde as primeiras
pesquisas aparecia como um nome possivelmente no segundo turno, indica ter
atingido seu ápice de votos, devido a um índice alto de rejeição já existente,
mas manteve a segunda posição, apesar do meteórico crescimento de Normando.
Já o
prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, que chegou a pontuar em empate técnico
com Éder Mauro e depois com Normando - quando este começou sua ascensão -, tem
figurado na terceira posição desde o final de agosto e por todo o mês de
setembro. Na quarta posição, no gráfico comparativo de Gouvêa, oscilam os
candidatos Thiago Araújo e Jefferson Lima, em empate técnico pelas médias das
margens de erros.
Resultado estranho
Outra
fonte da Coluna Olavo Dutra que acompanha os resultados das
pesquisas nos bastidores concorda que, de fato, o candidato do governador
disparou nas últimas pesquisas, mas atribui isso a dois fatores: a situação
confortável que Helder Barbalho tem hoje de aprovação em Belém, e o uso da
máquina estatal.
Porém,
a fonte estranha que a última pesquisa do Instituto Quaest, publicada no último
dia 21, tenha trazido uma robusta vantagem de Igor Normando, exibindo 42% de
intenções de voto no cenário estimulado, mudança significativa em relação a ele
mesmo, que nas pesquisas anteriores figurava em torno de 21%. “O mais estranho
nessa pesquisa é que todos os candidatos caíram, e todos, das mais diferentes
correntes ideológicas, perderam voto para Normando. Ele foi o único que
cresceu”, aponta a fonte.
Outro
ponto esquisito, segundo essa fonte, é que naquela pesquisa, faltando duas
semanas para as eleições e na reta final da campanha de rádio e TV, quando a
população costuma definir seu voto, os indecisos cresceram. “Estranhamente, o
primo do governador cresceu apenas tomando votos de outros candidatos, já que
os indecisos passaram de 6% para 8%. Ou seja, por aquela pesquisa, só cresceram
o candidato do governador e os indecisos”, avalia.
Criador e criatura
A
fonte diz ainda que, naquele mesmo cenário, a 14 dias da eleição, outro
levantamento da JC Pesquisas, divulgado no mesmo dia da Quaest, apontou o
candidato Thiago Araújo na terceira posição, com 14,1% das intenções de voto,
ultrapassando inclusive o atual prefeito Edmilson Rodrigues.
“E
nesse ponto, é uma análise importante a ser feita. De um lado, a queda ainda
mais abrupta do atual prefeito pela altíssima rejeição, caindo para a quarta
posição, e possivelmente perdendo votos não para Thiago, mas para o candidato
do próprio governador”, afirma.
Para
a fonte, isso ocorre porque Edmilson permitiu que a população enxergasse o
governador como o verdadeiro prefeito de Belém. “Por muito tempo, Helder vestiu
seus servidores de azul, a cor do seu partido, colocando nas ruas para executar
serviços básicos de limpeza e capinação, que deveriam ser feitos pela
prefeitura, e como isso não ocorria, Helder aparecia como o verdadeiro prefeito
da cidade, fazendo do básico até a trazer megaeventos como a COP30, na qual a
população deposita a esperança de que sobre o legado para a cidade”, conclui a
fonte.
Papo Reto
·Os bastidores da UFPA murmuram, em
Belém: tem gente escolhida para a nova gestão que não está se ‘verbicando’ como
deveria. Há algo no ar que não é avião de carreira.
· Do candidato a vice na chapa do PP em Bragança, advogado
Rivaldo Miranda (foto): “O garoto prodígio gosta de lorota, parece
seu parceiro ‘mentiroso honesto’.
· “Divulga pesquisa com apenas 400 eleitores (...) e
pesquisadores vestidos de azul dizendo que o outro não é candidato. Assim é
piada...”
· A rodovia Transmarajó, a PA-368, com 148
quilômetros de extensão, ligando a cidade de Portel à BR 422, em Cametá, está
sendo pavimentada.
· A obra promete tirar moradores da região de um do
isolamento secular, devendo atender produtores de grãos, madeireiros
e fazendeiros, que dependiam dos rios para movimentar cargas.
· Partidos políticos utilizam as imensas cifras que
recebem do governo para bancar custos das campanhas. Milhares de
pessoas são contratadas à base de R$ 300 por semana para
expedientes de quatro horas de 'bandeiradas'.
· Embrapa e Fiepa estão fechando parcerias para
verticalizar a produção do campo e do extrativismo, preservando a natureza e
aplicando novas tecnologias em sistemas agroflorestais.
· Chefe-geral da Embrapa, Walkymário Lemos, é o adjunto de
transferência tecnológica participaram de concorrida reunião na sede
da entidade, tendo à frente o presidente, Alex Carvalho
· Um paraense deverá ser nomeado pelo Papa Francisco para
a Diocese de Cametá, com a aposentadoria compulsória do titular. Até a CNBB já
sabe, mas, é aguardar e conferir.