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Belém está nos planos do Governo Federal para aproximar Maduro do Brasil

Com ausência de presidentes de Uruguai e Paraguai, os críticos regionais mais contundentes do chavista, governo vê oportunidade para incorporar venezuelano na integração sul-americana.

14/07/2023 22:29
Belém está nos planos do Governo Federal para aproximar Maduro do Brasil

Depois da tensão causada pela presença do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na cúpula de chefes de Estado sul-americanos realizada em Brasília no final de maio, o governo brasileiro trabalha com uma agenda ambiciosa para a cúpula de países amazônicos, no dia 8 de agosto, em Belém, na qual também é esperada a presença do venezuelano.

Na visão de fontes do governo Lula, a relevância do encontro e tudo o que nele será discutido — e está sendo preparado a todo vapor pelos oito países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) — criarão um ambiente menos hostil para Maduro, o que poderia facilitar a reaproximação de seu governo com os vizinhos.

Apesar das críticas e do custo político que Lula está pagando por sua posição favorável a Maduro, o governo está firme na decisão de não apenas recompor a relação com o chavista, mas também promover uma retomada da integração sul-americana. Na ausência dos críticos mais acirrados do líder chavista - como o uruguaio Luis Lacalle Pou e o paraguaio Mario Abdo Benítez - a cúpula de Belém será, na visão de fontes governistas, uma oportunidade de normalizar a convivência de Maduro com pelo menos parte da região.

Declaração conjunta

Os presidentes dos oito países que integram a OTCA (Brasil, Venezuela, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Guiana e Suriname) estarão em Belém, e seus governos estão trabalhando — segundo fontes brasileiras, sem estresse — na elaboração de uma grande declaração, que pretende ser o ponto de partida de um processo de integração regional considerado histórico e fundamental pelo Brasil.

O Planalto e o Itamaraty elaboraram uma proposta de declaração, que está sendo avaliada pelos outros sete países, e a discussão, que só deverá terminar na sede da cúpula, poucos dias antes do encontro, inclui uma enorme lista de temas, entre eles mudanças climáticas, segurança alimentar e nutricional, cooperação policial e de inteligência, o fortalecimento da OTCA (que será a peça institucional do processo de integração), cidades amazônicas e desmatamento — não apenas ilegal.

Belém para corrigir o curso

Na visão de especialistas como Carlos Nobre, referência mundial quando o assunto é mudanças climáticas, “todos temos uma expectativa positiva sobre a cúpula”. Em Belém espera-se que os países se comprometam não só a trabalhar juntos e ter posições comuns perante o mundo, mas, também, a redobrar as pressões aos países mais desenvolvidos sobre a necessidade de receber financiamento para a proteção do meio ambiente.

"Grande parte dos recursos já anunciados são empréstimos, e não doações para os países em desenvolvimento. Os países ricos devem contribuir mais", frisa Nobre, que também participa dos debates sobre a declaração de Belém.


(Com O Globo)

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