Barreiras de concreto e
arame farpado cercaram a sede da União Europeia (UE) nesta segunda-feira, 26,
enquanto agricultores europeus se reuniam no local, em Bruxelas, onde ministros
da agricultura do bloco se encontravam. O movimento é uma nova demonstração de
força dos protestos dos produtores rurais, que têm realizado manifestações nas
últimas semanas contra as políticas agrárias da UE e a concorrência com
produtos estrangeiros com custos mais baixos.
Do outro lado das barreiras em Bruxelas, os ministros tentavam demonstrar que
estavam atentos às reclamações. A presidência da UE, atualmente ocupada pela
Bélgica, reconheceu que as preocupações dos agricultores incluem o ônus de
respeitar políticas ambientais, uma queda na assistência do sistema de subsídios
agrícolas e o impacto dos ataques da Rússia na oferta de grãos da Ucrânia.
O ministro da Agricultura francês, Marc Fesneau, disse aos poucos repórteres
autorizados pela polícia a entrar no prédio que "é necessário enviar
sinais imediatos para dizer aos agricultores que algo está mudando, não apenas
a curto prazo, mas também a médio e longo prazo". O ministro da
Agricultura irlandês, Charlie McConalogue, afirmou que a prioridade deve ser
reduzir a burocracia administrativa. A UE deve garantir que as políticas sejam
"diretas, proporcionais e o mais simples possível para os agricultores
implementarem", disse ele.
O movimento ganhou impulso em meio às campanhas para as eleições por toda a
Europa, de 6 a 9 de junho, e já mostrou resultado: no início do mês, o braço
executivo da UE suspendeu uma proposta contrária aos agrotóxicos em concessão
aos agricultores, que constituem uma importante base eleitoral. Espanha,
Holanda e Bulgária foram alguns países alvo de protestos nas últimas semanas.
No sábado, 24, o presidente francês Emmanuel Macron foi recebido com vaias e
apitos na abertura da Feira Agrícola de Paris, onde agricultores afirmaram que
ele não fazia o suficiente para apoiá-los.
Fonte: Associated Press/ Estadão conteúdo
Foto: Reprodução euronews.com