Cascavel/PR – A Polícia Federal deflagrou hoje (19/04/2025)
a Operação Antigua, mobilizando aproximadamente 80 policiais, com apoio do
Comando de Aviação Operacional (CAOP) e do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) da
Polícia Federal. A ação tem como objetivo desarticular uma organização
criminosa especializada no tráfico internacional de drogas, com forte atuação
no Brasil e no exterior, além de vínculos e ramificações internacionais.
A investigação revelou que o grupo era responsável pela
internalização de entorpecentes do Paraguai e da Bolívia, utilizando rotas
estratégicas e esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro para ocultar os
lucros ilícitos.
A organização criminosa possuía uma estrutura consolidada no
estado do Pará e em Cascavel/PR, onde mantinha infraestrutura para
armazenamento e distribuição da droga. Além disso, contava com uma rede de
operadores financeiros responsáveis pela movimentação dos recursos ilícitos,
garantindo a continuidade das atividades criminosas.
O grupo traficava principalmente cocaína, utilizando
veículos de luxo com compartimentos ocultos (fundo falso) para transportar a
droga pela fronteira do Paraguai, dificultando a detecção por parte das
autoridades.
Ao chegar ao Brasil, a droga era fracionada na cidade de
Cascavel/PR, um ponto estratégico no esquema da organização. De lá, os
entorpecentes seguiam para diversos estados do país, principalmente para os
estados de São Paulo e Rio de Janeiro, abastecendo outras células do crime
organizado.
No Pará, os indícios apontam que a droga era internalizada
pelo rio Amazonas, e que o entorpecente ingressava no Brasil a partir da
Bolívia. Assim como no Paraná, a carga era fracionada em fazendas localizadas
em Monte Alegre/PA, antes de ser redistribuída para outras regiões do Brasil.
As investigações tiveram início em julho de 2023 e, ao longo
das diligências, foram realizados pelo menos oito flagrantes diretamente
ligados à organização criminosa, sendo cinco deles envolvendo o transporte de
cocaína e os demais relacionados ao transporte de crack e maconha.
Líderes foragidos na Alemanha e atuação internacional
Dois integrantes do grupo encontram-se atualmente foragidos
na Alemanha. A Justiça Federal de Cascavel/PR autorizou a inclusão dos alvos na
difusão vermelha da Interpol (Red Notice), uma solicitação internacional para
prisão. Foram realizadas diligências no país europeu, mas os investigados não
foram localizados até o momento.
Esquema de lavagem de dinheiro e aquisição de fazendas
Durante as investigações, identificou-se que o grupo
criminoso adquiriu diversas propriedades no estado do Pará, utilizando-as tanto
para lavagem de dinheiro quanto para a possível movimentação de entorpecentes.
O esquema demonstrava tamanha audácia que duas das
propriedades foram batizadas como "Fazenda Vera Cruz" e "Fazenda
Vera Cruz III", uma clara referência à Operação Vera Cruz, que desmantelou
o grupo em 2012.
As fazendas estão estrategicamente localizadas próximas a
cursos d’água, o que indica o uso de embarcações para o transporte de drogas.
Além disso, a organização buscava monopolizar um braço de rio estratégico,
permitindo a movimentação de grandes quantidades de entorpecentes sem chamar
atenção das autoridades.
A Justiça Federal de Cascavel/PR expediu um total de 54
medidas cautelares, que estão sendo cumpridas nos estados do Paraná (nas
cidades de Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu e Boa Vista da Aparecida) e Pará
(Monte Alegre), incluindo:
12 mandados de prisão preventiva
1 medida cautelar de monitoração eletrônica
20 mandados de busca e apreensão
21 mandados de sequestro e bloqueio de bens móveis, imóveis
e valores dos investigados
Além disso, todas as propriedades vinculadas ao grupo
criminoso, incluindo as 8 fazendas localizadas em Monte Claro/PR, estão sendo
bloqueadas.